A estratégia de Paulo Gonet ao devolver inquérito de Bolsonaro à PF
Na PGR, o pedido de Gonet para que a PF aprofunde a investigação foi visto também como uma estratégia processual
atualizado
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A decisão do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de devolver à Polícia Federal o inquérito da falsificação da carteira de vacina de Jair Bolsonaro não se baseou apenas em especificidades técnicas, como definir ao certo quais tipos penais o ex-presidente violou.
Na PGR, o pedido de Gonet para que a PF aprofunde a investigação foi visto também como uma estratégia processual, levando em conta que o procurador-geral terá que se manifestar em outros dois casos envolvendo o ex-presidente: o das joias recebidas em viagens e a tentativa de golpe de Estado.
Denunciar Bolsonaro primeiro pela falsificação da carteira vacina (inserção de dados falsos em sistema de informações) do que, por exemplo, pela tentativa de golpe (abolição violenta do Estado democrático de direito) poderia alimentar a teoria de que ele é perseguido, alimentada pelo própio Bolsonaro.
O Código Penal, claro, estabelece que inserção de dados falsos é um crime bem menos grave do que tentativa de golpe de Estado.
Este último é considerado, tanto na PGR quanto no STF, o crime pelo qual Bolsonaro deve de fato ser condenado e ir preso. A avaliação é que a gravidade deste crime justificaria, para uma parte maior da sociedade, prender um ex-presidente que, embora inelegível, deseja voltar a ser candidato ao Planalto.
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