A estimativa da Funai para impacto da Ferrogrão em indígenas isolados
Indigenista da Funai elaborou documento com informações sobre impacto da Ferrogrão em indígenas isolados no Pará
atualizado
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A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) concluiu na semana passada uma informação técnica sobre o impacto potencial da construção da Ferrogrão sobre indígenas isolados na região do Tapajós, no Pará. O documento foi produzido em resposta a um ofício do Ministério dos Povos Indígenas do governo Lula.
A ferrovia de 933 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba (PA) foi incluída pelo governo Lula no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e é debatida em um grupo de trabalho instituído pelo Ministério dos Transportes.
No documento assinado em 16 de julho, ao qual a coluna teve acesso, um indigenista da Funai apontou que a área de influência do traçado da ferrovia se sobrepõe a um território onde o órgão já tem catalogado um Registro de Povo Indígena Isolado, identificado como “nº 111 – Rio Jamanxim”. Essa área, na qual a Funai estima haver indígenas isolados, fica entre a Terra Indígena Sawre Maybu, a Floresta Nacional Itaituba 1 e a Floresta Nacional Itaituba 2 (veja mapa abaixo).
Segundo o coordenador de Política de Proteção e Localização de Indígenas isolados da Funai, Guilherme Augusto Gomes Martins, que elaborou o documento, a área de influência da ferrovia (área em amarelo no mapa abaixo) compreende 10 quilômetros em todas as direções no entorno da linha férrea.
A estimativa da Funai sobre a possível existência de comunidades de isolados na região leva em conta critérios técnicos e está baseada em informações de localização classificadas como “em qualificação”. Isso significa que não está confirmada a existência e a ocupação do território por indígenas isolados por ali, mas existe um conjunto “significativo” de dados e informações que aponta para a presença indígena na localidade.
A informação técnica foi corroborada pela coordenadora-Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato substituta da Funai, Sorahia Maria Segall. Em 17 de julho, ela encaminhou a informação à Diretoria de Proteção Territorial do órgão.
Na informação técnica, o indigenista ressaltou ser necessária a “execução de atividades de campo com equipes altamente especializadas da Funai para comprovar ou não a ocupação dos indígenas isolados nesta região”.
Na mesma região, do outro lado do traçado da ferrovia, o mapa apresentado pela Funai apontou que a área de influência da Ferrogrão também passa perto, mas não chega a se sobrepor a outra área onde estima-se poder haver indígenas isolados. Neste caso, o território é vizinho à Terra Indígena Cachoeira Seca.
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