Dos presos em flagrante agredidos no Rio de Janeiro, 80% são negros
De agosto de 2020 a dezembro deste ano, 475 pessoas relataram agressões de agentes do estado quando foram encaminhadas para a cadeia
atualizado
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A cada 10 pessoas agredidas no momento da prisão em flagrante no Rio de Janeiro, oito são negras. Desde a volta das audiências de custódia, em agosto de 2020, a dezembro deste ano, 475 pessoas relataram agressões de agentes do estado quando foram encaminhadas para a cadeia.
Os dados, que constam de um levantamento da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, apontam que 90% dos presos são homens e 80% são pretos ou pardos. As agressões relatadas são físicas em 54% das vezes. Cerca de metade dos custodiados apresentou marcas de injúrias ao defensor público na audiência de custódia.
Na audiência de custódia, uma pessoa presa há pouco tempo é ouvida por um juiz e pode denunciar eventuais abusos no momento da detenção. Também participam o Ministério Público, a Defensoria Pública ou um advogado.
O levantamento ainda mostra que 60% dos presos não foram informados imediatamente sobre o motivo da prisão e comunicados de que tinham o direito de permanecer em silêncio e só falar em juízo.
Foram denunciadas 475 agressões. O número indica que o crime foi subnotificado durante os meses em que as audiências de custódia foram suspensas por causa da pandemia. De janeiro a agosto de 2020, nenhuma denúncia foi registrada. Nessa época, os defensores públicos podiam contar apenas com os autos de flagrante escritos pelos policiais.