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78% da receita da firma que contratou Moro veio de alvos da Lava Jato

Dados de honorários foram enviados pela Alvarez & Marsal ao TCU

atualizado

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Brasília (DF), 10/11/21. Filiação de Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, ao Podemos
1 de 1 Brasília (DF), 10/11/21. Filiação de Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, ao Podemos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Alvarez & Marsal, consultoria que contratou Sergio Moro, ex-juiz à frente da Lava Jato, recebeu 78% de seus honorários de empresas que foram alvo da operação. As informações foram enviadas pela consultoria ao Tribunal de Contas da União (TCU), que apura o caso e nesta sexta-feira (21/1) retirou o sigilo desses documentos.

Moro enviou nota à coluna observando que nunca atuou na parte da empresa responsável pelas recuperações judiciais. O ex-juiz ressaltou que nunca prestou nenhum tipo de trabalho para empresas envolvidas na Lava Jato e explicou que, embora pertençam aos mesmos donos, o braço de recuperação judicial e o de disputas e investigações, em que ele atuou, são empresas diferentes, com CNPJs distintos — leia a nota de Moro ao fim da reportagem.

A consultoria informou ao tribunal que recebeu R$ 83,5 milhões até dezembro de 2021, em processos de recuperação judicial e falência. Desses, R$ 65,1 milhões, ou 78%, vieram de empresas alvo da Lava Jato. Os outros R$ 18,4 milhões, fatia de 22%, foram pagos por empresas sem relação com a investigação.

A contratação de Moro pela Alvarez, de novembro de 2020 a outubro de 2021, foi criticada porque a empresa é a administradora judicial do processo de recuperação do Grupo Odebrecht, cujos executivos Moro condenou quando era o juiz à frente da Lava Jato. O Grupo Odebrecht rendeu R$ 22,4 milhões à consultoria. A Atvos, ex-Odebrecht Agroindustrial, repassou outros R$ 10,8 milhões.

A lista de alvos da Lava Jato inclui ainda o banco BVA, que pagou R$ 22,5 milhões, a OAS, com R$ 5,8 milhões; a Galvão Engenharia, com R$ 3,3 milhões; a Enseada, consórcio entre Odebrecht, UTC e OAS, com R$ 172 mil; e a Agroserra, com R$ 120 mil.

O grupo de empresas sem relação com a operação comandada pelo então juiz Sergio Moro pagou R$ 18,8 milhões em honorários à Alvarez. Entre as firmas estão a Livraria Cultura, com R$ 2,1 milhões; a Morada, com R$ 4,5 milhões; a Cotia, com R$ 3,9 milhões; e a Oceanair, com R$ 365 mil.

(Atualização às 21h21 de 21 de janeiro de 2022: Em nota à coluna, Sergio Moro afirmou: “(…) Meu contrato era com a A&M disputas e investigações, e não com a parte da empresa responsável por recuperações judiciais, que tem outro CNPJ e cujas fontes de receita são diferentes. Nunca prestei nenhum tipo de trabalho para empresas envolvidas na Lava Jato. E isso foi deixado claro, a meu pedido, no contrato que assinei com a renomada consultoria norte-americana. Nos meses em que estive na empresa, trabalhei com compliance e investigação corporativa, ou seja, ajudando e orientando empresas a construir políticas para evitar e combater a corrupção. Jamais trabalhei para a Odebrecht ou dei consultoria, direta ou sequer indiretamente, a empresas investigadas na Lava Jato. A empresa de consultoria internacional para a qual prestei serviço foi nomeada por um juiz para atuar na recuperação judicial de créditos da Odebrecht, ou seja, para ajudar os credores a receberem dívidas. E eu jamais trabalhei nesse departamento da empresa. Portanto, os argumentos de que atuei em situações de conflito de interesse não passam de fantasia sem base”.)

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