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Vítima de stalking de Robson Cândido denuncia haters: “Digna de dor”

Denunciante registrou ocorrência contra perfis nas mídias sociais responsáveis por comentários difamatórios e ofensivos direcionados a ela

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1 de 1 homem de terno - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Desde que denunciou a perseguição do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido, a vítima de stalking e violência doméstica pelo investigador aposentado tem sofrido ataques nas mídias sociais.

A jovem registrou boletim de ocorrência nessa terça-feira (21/11), na 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas). Porém, o caso foi remetido à 21ª DP (Taguatinga Sul), unidade que abrange Águas Claras, região onde ela mora.

A vítima apresentou à corporação comentários e mensagens privadas enviadas a ela por quatro perfis diferentes, que usaram o Instagram para cometer difamação, injúria e ameaças.

Confira as mensagens:

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Um dos perfis, que não tem qualquer seguidor, afirmou em um comentário de notícia sobre o caso que a vítima é de “baixo nível”.

A mulher enviou mensagem privada para o responsável pelo perfil e alertou que seria possível identificar a autoria dos comentários; mesmo assim, as ofensas continuaram: “Vc é p… de quinta”; “vc é digna de dor”; “vc vai pagar por tudo”; “vc destruiu uma família”.

O mesmo perfil, segundo a vítima, teria enviado outros xingamentos na conversa, como “demoníaca”, “vagabunda” e “safada”, mas apagado as mensagens depois.

Leia:

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A vítima também apresentou à PCDF comentários ofensivos referentes ao emprego dela feitos por outros três perfis na mesma rede social. Eles a chamaram de “amante” e disseram que ela teria se aproveitado do relacionamento com o então delegado-geral da PCDF para conseguir um cargo comissionado na Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF). “Ela se vendeu”, afirmou um deles.

“Na hora de tomar posse no cargo comissionado, não tira choro, né, sua lambisgoia”, comentou uma outra pessoa, em referência a um áudio divulgado de conversa da vítima com Robson Cândido. Na gravação, ela chora e implora ao ex-delegado-geral da PCDF para deixá-la em paz. Além disso, conta que ficou doente, devido à perseguição sofrida presencial e virtualmente.

“Graças a Deus sou formada em direito, sou concursada há 7 anos. Não precisei me envolver com homem casado para crescer na vida e depois ir para uma rede social, chorando… Dando uma de vítima”, continuou a mensagem.

Cargo comissionado

No depoimento à polícia, a vítima contou que teve relacionamento público de namoro com o ex-delegado-geral do Distrito Federal e que, inclusive, morou com ele. Ela relatou que o policial havia se separado da esposa, mas não formalizado o divórcio, motivo pelo qual decidiu terminar a relação.

A denunciante acrescentou não admitir qualquer tipo de ofensa em um caso no qual ela é vítima de diversos crimes. Destacou ainda que o cargo de comissionada na Metrô-DF foi oferecido por Robson Cândido, depois que ele soube que ela tentava um emprego no Congresso Nacional. No depoimento, afirmou, inclusive, que, “em nenhum momento, pediu ou tentou se beneficiar do relacionamento que mantinha”.

Em relação a esse tema, outra conta no Instagram desmoralizou cargos em comissão, ao mencionar que esse tipo de função existia “justamente para colocar [nas vagas] essas ‘mulherzinhas’ baixas que não têm nem a capacidade de passar num concurso”.

Veja mais comentários:

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Denúncia

Robson Cândido atuou como chefe da PCDF por quase cinco anos. Ele deixou o cargo no início de outubro, logo após a suposta ex-namorada denunciá-lo à própria corporação e ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Ele foi preso em 4 de novembro, suspeito de usar a estrutura da PCDF para perseguir a mulher e descumprir medidas protetivas em favor dela.

MP denuncia Robson Cândido por stalking, grampo ilegal e outros crimes

A Justiça aceitou a denúncia, e o ex-delegado-geral se tornou réu. Confira abaixo algumas das provas que constam na denúncia do MPDFT:

Imagens gravadas pela vítima mostram o delegado atrás dela no trabalho, no trânsito e até dentro da casa dela. A denunciante chegou a bloquear o contato do policial, mas ele continuou a tentar reaproximação por diversos telefones, inclusive celulares de outros delegados e números oficiais da PCDF. Em um dia, Cândido chegou a fazer, ao menos, 50 ligações para ela.

Robson Cândido responderá por crimes como stalking (perseguição); violência doméstica; grampo ilegal; peculato; e corrupção passiva. Na denúncia, os promotores de Justiça concluíram que o delegado aposentado usou sistemas restritos das forças de segurança para perseguir uma mulher com quem teve um relacionamento.

“Robson utilizou indevidamente a máquina pública, notadamente viaturas policiais, telefones funcionais vinculados à PCDF e acessos a sistemas, para praticar os delitos de stalking circunstanciado e de violência psicológica”, diz trecho da denúncia do MPDFT.

Para os promotores de Justiça, ainda há comprovação de que o ex-delegado-geral da PCDF “utilizou indevidamente o banco de dados do Departamento de Trânsito (Detran-DF) de Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR — Optical Character Recongnition) para obter os dados de localização do veículo da vítima pelas vias do Distrito Federal”.

Além disso, Robson Cândido é acusado de usar informações do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) com a mesma finalidade. O delegado Thiago Peralva, então chefe da 19ª DP (P Norte), também foi denunciado pelo MPDFT, suspeito de inserir os dados da vítima ilegalmente em um monitoramento.

O ex-delegado-geral da PCDF pediu exoneração do cargo em 3 de outubro último, um dia após a esposa dele e a vítima registrarem denúncia na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Em 17 de outubro, ele se aposentou da corporação.

O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Robson Cândido e não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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