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Ucraniana que morou no DF narra cotidiano na guerra: “Vamos aguentar”

Com futuro rodeado de incertezas, jovem de 21 anos conta que diariamente manda mensagens a família e amigos “para saber se estão vivos”

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Menina com cabelo cacheado de camisa cinza em frente a janela
1 de 1 Menina com cabelo cacheado de camisa cinza em frente a janela - Foto: Reprodução

Cheia de sonhos, a jovem ucraniana Svitlana Andríivna Hunko (foto em destaque), de 21 anos recém-completados, tem planos para trabalhar com arte, dando cursos de teatro em uma oficina, e pensa até em escrever um livro. Porém, nos últimos 16 dias sua vida foi tomada por medos e incertezas em relação ao futuro.

Svitlana nasceu em Dnipro, a quarta maior cidade da Ucrânia, com cerca de um milhão de habitantes, e que está localizada no sudeste do país, a quase 500 km da capital Kiev. Aos 12 anos de idade, ela, que é filha única, se mudou com os pais para Brasília, onde morou por cerca de cinco anos.

“Meu pai, Andríi, trabalhava no projeto chamado ‘Cyclone Space’, entre ucranianos e brasileiros. Então, moramos no Brasil durante aproximadamente cinco anos, e estudei em escola brasileira. Paralelamente, eu estudava pela internet em escola ucraniana”, conta ao Metrópoles. “Quando o projeto onde meu pai trabalhava terminou, voltamos para a Ucrânia, onde concluí a escola. Agora estou na universidade, mas não estou estudando por conta da guerra”, completa.

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Ela e os pais
Jovem é filha única
Ela vive em Dnipro, na Ucrânia
Svitlana morou em Brasília dos 12 aos 17 anos
Mãe da jovem com bandeira da Ucrânia em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília
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Svitlana Andríivna Hunko

Arquivo pessoal
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Ela e os pais

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Jovem é filha única

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Ela vive em Dnipro, na Ucrânia

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Svitlana morou em Brasília dos 12 aos 17 anos

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Mãe da jovem com bandeira da Ucrânia em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília

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Ela estudou em escola de Brasília

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Sua família morou no Brasil por cinco anos

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Ela fala português e conversou com o Metrópoles

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Jovem vive hoje com incertezas em relação ao futuro

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Ela tem 21 anos

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Atualmente, a jovem vive em Dnipro, com os pais e a avó. Na mesma cidade também vivem tia, prima e avô da estudante. Ela conta que, diariamente, eles ouvem sirenes que alertam para um ataque aéreo.

“Quando ouvimos sirenes, somos forçados a nos esconder nas nossas casas ou nos abrigos antiaéreos. Sentamos nos corredores de apartamentos ou nos banheiros, que ficam mais afastados das janelas, para o caso de algum míssil atingir nossa casa”, narra.

Veja a localização da cidade no mapa:

Segundo Svitlana, o dia a dia dela e da família tem sido “de emoções intensas”. “Sobre minha mãe e minha avó, posso dizer que a emoção mais expressa delas é medo. Nos primeiras dias estavam chorando frequentemente e minha avó rezando para tudo acabar. Já o meu pai tenta ser mais calmo.”

“Em relação a mim, tudo que estou sentindo durante estes dias é raiva”, diz. “Muitos civis já morreram, muitas mulheres grávidas estão se escondendo nos abrigos antiaéreos, há bebês que nascem nos abrigos, inclusive”, comenta.

“Nós estamos sentados aqui em nossas casas, sem trabalho, sem estudo. Eu, pessoalmente, tinha muitos planos para o futuro, como por exemplo aprender espanhol, escrever um livro, ensinar cursos de atuação na oficina de teatro onde eu trabalhava. E tudo isso é a minha razão de lutar e ficar viva”, afirma a jovem ucraniana.

Em vídeo enviado ao Metrópoles nessa quinta-feira (10/3), Svitlana conta como tem vivido os dias ultimamente. Na data em que fez a gravação, sua cidade ainda não havia sido invadida pela Rússia. Nessa sexta, contudo, foram registrados bombardeios em Dnipro.

Veja o vídeo:

Para se certificar de que os amigos e familiares que vivem em outras cidades estão bem, a jovem ucraniana tenta contato diariamente com eles. “Mando mensagens para meus amigos várias vezes ao dia, para saber se está tudo bem, se estão vivos. Tenho amigos em Kiev, que está sendo bombardeada, e amigos da família em Kharkov, que está destruída”, lamenta.

Após sua cidade ser bombardeada nessa sexta, Svitlana disse que ela e os parentes ainda não sabem se deixarão suas casas. “Estamos discutindo ainda que vamos fazer. Tentar a deixar a cidade também é bastante perigoso”, diz.

Apesar do contexto dramático, ela tenta manter a fé: “Creio que vamos aguentar tudo”.

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