Superintendente do Senai diz que MP de Bolsonaro melhora aprendizagem
O superintendente de Educação Profissional do Senai, Felipe Morgado, disse que a MP de Bolsonaro será positiva para jovens e empresas
atualizado
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As recentes mudanças no programa nacional de aprendizagem profissional são comemoradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ao contrário da avaliação do Ministério Público do Trabalho (MPT), que teceu críticas sobre o tema.
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Em entrevista ao Metrópoles, o superintendente de Educação Profissional do Senai, Felipe Morgado, disse que a Medida Provisória e o decreto assinados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no início deste mês ampliam a possibilidade de reduzir a desigualdade social por meio da aprendizagem de jovens.
“O Brasil não está acompanhando a necessidade de setor produtivo com a oferta de aprendizes. Por isso, esse alinhamento é muito importante. A política pública de aprendizagem deve ser de educação profissional voltada para a empregabilidade do jovem, principalmente do jovem vulnerável, porque é por meio da formação que é possível reduzir a desigualdade”, afirmou Morgado.
Veja o mapa das oportunidades de trabalho na indústria:
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A coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente, do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ana Maria Villa Real, disse que um dos pontos negativos das mudanças promovidas pelo governo federal é que os jovens em situação de vulnerabilidade contam em dobro para o cumprimento da cota de aprendizagem das empresas.
Já para Morgado, a iniciativa é importante porque incentiva as empresas a contratarem os adolescentes vulneráveis e, assim, dá mais oportunidade para que esses jovens entrem no mercado de trabalho e mudem de vida.
Confira a entrevista de Felipe Morgado ao Metrópoles:
Qual é o papel do Senai na aprendizagem profissional?
A aprendizagem profissional no Brasil surgiu com a criação do Senai, em 1942. O foco era na aprendizagem para a indústria. Hoje, os jovens de 14 a 24 anos representam de 5% a 15% das ocupações das empresas de médio e de grande porte. Eles devem estar estudando em uma instituição formadora e trabalhando como aprendiz em uma empresa. Dos 488 mil aprendizes do país, o Senai é responsável por 200 mil. Por isso a importância da aprendizagem da indústria brasileira.
Qual é o retrato atual da aprendizagem profissional no país?
Somente 50% da cota prevista está sendo cumprida atualmente. Desse percentual, 60% dos aprendizes estão na área administrativa. Somente 12% dos aprendizes são jovens vulneráveis e apenas 14% dos jovens que fazem aprendizagem são contratados pela mesma empresa depois que concluem o curso. A gente tem que formar jovens preparados para a indústria 4.0, na área de TI, automação, mecatrônica, que são áreas que exigem formação mais complexa e, portanto, necessitam de maior tempo de aprendizagem.
Quais as principais mudanças trazidas pela MP e o decreto do governo federal?
Essa Medida Provisória traz muito das boas práticas internacionais para que a aprendizagem seja de qualidade. A MP permite que um jovem de 14 anos possa ser contratado pela indústria quando concluir a aprendizagem, porque já terá 18 anos. Antes, o contrato era de 1 ou 2 anos. Portanto, um jovem de 14 anos, quando concluísse a aprendizagem, não poderia ser contratado porque teria até 16 anos. A MP também traz um equilíbrio para as empresas, porque 10% dos aprendizes têm que ser da área de manutenção. Além disso, o número de aprendizes vai crescer, porque a MP passou a considerar para o cálculo do percentual da cota os funcionários técnicos e tecnólogos.
A MP e o decreto trazem aspectos de melhoria de qualidade das instituições formadoras focando em 3 aspectos: empregabilidade, atendimento a jovens vulneráveis e alinhamento da aprendizagem com oferta das empresas. Isso faz com que melhorem os números de hoje. Apenas 7% dos aprendizes que foram contratados estão na área que estudaram.