Stalker: juiz prorroga medidas protetivas contra delegado da PCDF
Robson Cândido é acusado de usar a estrutura da PCDF, quando era chefe da corporação, para perseguir a mulher com quem tinha relacionamento
atualizado
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O Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Claras prorrogou, por mais três meses, as medidas protetivas fixadas contra o ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido. A decisão é da última terça-feira (28/5).
Robson Cândido é acusado de usar a estrutura da PCDF, quando era chefe da corporação, para perseguir a mulher com a qual tinha relacionamento. Ele é réu pelos crimes de stalking, violência psicológica, descumprimento de medida protetiva, peculato, corrupção passiva, grampo ilegal e violação do sigilo funcional.
O juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel atendeu ao pedido da vítima e prorrogou, por mais três meses, as medidas protetivas que proíbem Robson de se aproximar a menos de 1 quilômetro da mulher, de manter contato com ela por qualquer meio de comunicação, de frequentar a casa, o local de estudos e do trabalho dela.
O advogado de Robson Cândido, Cleber Lopes, disse à coluna que vai avaliar se recorrerá ou não da decisão. “A defesa do delegado Robson Cândido considera que a decisão tomada pelo doutor juiz da Vara de Violência Doméstica deixa de considerar a inexistência de qualquer fato novo que possa justificá-la”, afirmou.
Robson Cândido ficou preso por 25 dias, em novembro de 2023. Ele foi solto e usou tornozeleira eletrônica por três meses. Em março, a Justiça do DF negou pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para que o delegado aposentado voltasse a usar o dispositivo de monitoramento.
Lembre o caso
A denúncia do MPDFT diz que o ex-delegado-geral da PCDF “utilizou indevidamente a máquina pública, notadamente viaturas policiais, telefones funcionais vinculados à PCDF e acesso a sistemas (pessoalmente ou por intermédio de terceiros) para praticar os delitos de stalking circunstanciado e de violência psicológica”.
As investigações apontam que Robson Cândido fez uso do banco de dados do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) e do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) para obter informações sobre a localização do carro da ex-namorada e “facilitar a prática de stalking”.
De acordo com a denúncia, o celular da ex-namorada do ex-delegado-geral da PCDF foi inserido ilegalmente em dois inquéritos policiais e não apenas em um processo, como se acreditava inicialmente.
O MPDFT pediu a condenação de Robson Cândido à cassação da aposentadoria e solicitou a decretação da perda da função pública de Thiago Peralva, ex-delegado-chefe da 19ª DP.
“As referidas condutas, portanto, revelam-se incompatíveis, legal e moralmente, com o exercício da atividade policial, evidenciando gravíssimo desvio ético-jurídico que viola seriamente seu dever com a Administração Pública, com a Instituição da PCDF e, sobretudo, com a população a quem deveriam servir”, enfatiza a denúncia.
Vídeos obtidos pelo Metrópoles revelam como agia o ex-chefe da PCDF. Esse material integra o acervo de mídias da investigação e foi entregue à Justiça. Uma das imagens é do dia 22 de agosto de 2023, no trajeto entre Águas Claras e Taguatinga, onde a jovem morava. Na ocasião, ela filmou e narrou que o carro atrás do dela era uma viatura da PCDF, dirigida por Robson. Angustiada, ela diz: “Mais uma vez o Robson me perseguindo, em outra viatura. Meu Deus, que inferno!”.
O órgão também pede que a Justiça fixe em pelo menos R$ 70 mil o valor de indenização para reparação dos danos causados por Robson Cândido à coletividade e à vítima, que passou a necessitar de tratamento psiquiátrico.