O Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal orientou os cobradores a continuarem aceitando dinheiro em espécie em 52 linhas de ônibus para as quais a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) determinou a extinção desse tipo de pagamento.

Desde segunda-feira (1º/7), 52 linhas do transporte público passaram a receber apenas cartões bancários e de transporte para a compra da passagem, conforme ordem que consta em portaria publicada pela Semob no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).

O sindicato que representa os trabalhadores do sistema, porém, divulgou um informativo no qual diz que “decidiu orientar os cobradores a receberem moeda corrente em todas as linhas, independentemente do que diz a portaria do governo”.

Segundo a entidade, caso a empresa de ônibus decida punir o trabalhador por continuar recebendo dinheiro como pagamento da passagem, à revelia da determinação governamental, haverá reação.

“Caso a empresa decida punir qualquer companheiro, deve chamar a direção do sindicato que vai paralisar a linha e havendo insistência da empresa, será paralisada por inteiro”, diz a publicação do sindicato.

Veja:

Preocupação com a orientação

O secretário de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal, Zeno Gonçalves, externou preocupação com a orientação para descumprimento da portaria. “Nós entendemos como legítima toda luta sindical, mas nós nos preocupamos quando qualquer ação parte para uma forma ilegal de se manifestar”, declarou.

“Nós vamos avaliar com as operadoras, mas nós insistimos com os cobradores que eles são parte da solução. O programa de retirada do dinheiro, de modernização do sistema de bilhetagem, do acesso ao usuário, precisa da cooperação e da colaboração dos cobradores”, disse o secretário.

Segundo Zeno, houve reunião com a diretoria do sindicato na última quarta-feira (3/7) para tratar do assunto. “Externamos os nossos pontos de vista. A categoria vai apresentar suas reivindicações e nós entendemos que o diálogo está sendo muito construtivo. O programa tem sido um sucesso até agora e nós vamos ampliar em breve para mais linhas”, anunciou.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF, João Jesus, disse que a orientação da entidade tem objetivo de “evitar atrito com o passageiro. “Orientamos, por segurança, liberar para que o passageiro pague em dinheiro, com orientação para que a pessoa possa procurar ponto de compra de cartão para evitar problema no futuro”, afirmou.

“No final da jornada do trabalho do cobrador, ele presta contas à empresa sobre as pessoas que pagaram em dinheiro”, explicou.

Há apreensão, entre os rodoviários, de que a extinção do pagamento em dinheiro, prevista para ser ampliada em breve, possa levar à demissão dos cobradores. Atualmente, existem aproximadamente 6 mil profissionais da categoria nos ônibus do DF.

O Sindicato dos Rodoviários do DF disse, no informativo divulgado aos trabalhadores do transporte público, que “a defesa do emprego será a luta principal neste enfrentamento”. “O sindicato espera que haja o cumprimento da palavra do secretário [de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves] de que não haverá demissão, mas caso isso aconteça, a reação será imediata”, enfatizou.