Secretário inseriu mais de 60 dados sobre vacinação no sistema da Saúde
João Carlos Brecha foi quem inseriu dados da vacinação de Bolsonaro contra Covid-19 no sistema público de saúde brasileiro, segundo a PF
atualizado
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A Polícia Federal apontou que o secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, preso por falsificar os registros de vacinação de Jair Bolsonaro (PL), inseriu mais de 60 dados de vacinação contra Covid-19 no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) durante o ano de 2022.
Brecha foi um dos alvos da Operação Verine, deflagrada nesta quarta-feira (3/5). No total, seis pessoas acabaram presas, e a PF cumpriu mais 16 mandados de busca e apreensão, inclusive na casa de Bolsonaro, em Brasília.
Segundo a PF, “a conduta (de Brecha) se apresenta ainda mais grave pelo fato de permitir que os beneficiários não vacinados se passem por indivíduos imunizados e, com isso, infringissem as medidas sanitárias relacionadas à pandemia de Covid-19, colocando em perigo a coletividade, tanto no Brasil quanto no exterior”.
No pedido de prisão preventiva, deferido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a PF citou que, apesar de Brecha ocupar cargo que, em tese, não demonstra qualquer pertinência com a atividade de inserção de registros de vacina contra Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, ele fez mais de 60 inserções de dados de vacinação no SI-PNI.
“Desta forma, a prisão cautelar se mostra necessária para garantia da ordem pública, no sentido de impedir que João Carlos Brecha continue reiterando a prática criminosa, permitindo que pessoas não imunizadas burlem as restrições sanitárias vigentes, expondo a coletividade ao perigo de propagação de doença contagiosa”, justificou a PF.
De acordo com a investigação, Brecha inseriu dados de vacinação contra Covid-19 de Bolsonaro em 21 de dezembro de 2022, entre as 18h59 e as 23h11.
A PF apontou que “a estrutura criminosa criada no município de Duque de Caxias foi utilizada para beneficiar o próprio chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Mauro César Cid, suas filhas e também o então presidente da República, a filha dele, e os assessores de Bolsonaro Max Guilherme Machado e Sérgio Rocha Cordeiro”.
“A execução das inserções ficou a cargo do secretário municipal de Governo do município de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha. Para apagar os rastros das condutas criminosas, especialmente envolvendo os dados falsos de vacinação em nome do ex-presidente e de sua filha, o grupo contou com a participação da servidora do município de Duque de Caxias, Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, responsável pela exclusão dos referidos registros dos sistemas do Ministério da Saúde”, diz trecho do pedido de prisão apresentado pela PF.