Secretaria suspende EJA em escola do Entorno e pega alunos de surpresa

Durante o período de matrículas escolares da rede pública, a gestão da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cora Coralina, em Santo Antônio do Descoberto (GO), Entorno do Distrito Federal, percebeu que os documentos necessários para a matrícula de alunos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) não foram encaminhados pela Secretaria Municipal de Educação. Dias depois, nessa terça-feira (17/12), a pasta enviou um ofício comunicando a suspensão definitiva das aulas da modalidade EJA na unidade.

Ao Metrópoles uma servidora da escola – que preferiu não se identificar – informou que essa decisão “unilateral” teria ocorrido sem qualquer aviso prévio da Secretaria e que, até a data da publicação, a pasta ainda não teria atendido aos pedidos de uma reunião com o conselho escolar da unidade.

O documento, de uma página, ainda asseguraria que os estudantes já matriculados no EJA poderiam ser transferidos para uma das outras três escolas que ofertam as aulas da modalidade. Segundo a servidora da escola Cora Coralina, no entanto, essa transferência não seria possível, uma vez que a matrícula dos estudantes não pode ser realizada durante o período indicado no calendário escolar do município.

“Todos os professores, servidores, estamos em choque. A secretaria não disponibilizou os documentos para os alunos fazerem suas matrículas, e não tínhamos nada concreto ou nenhum material para que pudéssemos perguntar, recorrer ou nos informarmos”, disse a profissional.

“Não houve uma reunião com o conselho ou uma conversa com a comunidade escolar, fomos apenas vítimas dessa decisão unilateral. Na época das matrículas, conversamos com o coordenador da EJA da Secretaria, e ele disse que não sabia de nada. Depois de recebermos a decisão, conversamos com a prefeita e com a secretária; elas não quiseram nos receber”, completa.

Educação de Jovens e Adultos

A decisão entregue pela Secretaria Municipal de Educação de Santo Antônio do Descoberto (GO) de suspender definitivamente as aulas da EJA na Escola Cora Coralina baseou-se na “insuficiência de estudantes matriculados como principal motivador, além de considerar aspectos como a taxa de frequência, impacto pedagógico e recursos financeiros”.

A servidora ouvida pela reportagem rebate essas críticas. Segundo ela, o número de alunos da EJA na unidade – 60 matriculados no início do ano letivo e 41 que chegaram a completar o período escolar – é apenas 4% (aproximadamente oito estudantes) menor que a de uma outra escola no município, que continua a ofertar as aulas da modalidade.

Além disso a servidora indignou-se com a alegação de aspectos financeiros para justificar a decisão. “A Secretaria está colocando como uma economia, mas não foi de uma forma clara ou transparente para a comunidade escolar. foi tudo de maneira muito unilateral”, disse.

A servidora concluiu afirmando que a decisão de suspender definitivamente as atividades do EJA na escola são mais que uma simples interrupção do processo escolar dos estudantes, mas todo um desamparo social desses indivíduos.

“A EJA é abandonada, deixada de lado em várias situações. Os estudantes se tornam parte da comunidade e têm naquele espaço um ponto de apoio daquele comunidade. Então tirar a oportunidade desses jovens e adultos de não estarem na rua, de continuar os estudos, é deixá-los mais vulneráveis à violência das ruas”, afirmou.

Ouça relatos dos alunos do EJA da Escola Cora Coralina:

Resposta da Secretaria Municipal de Educação

O Metrópoles acionou a Secretaria Municipal de Educação do Santo Antônio do Descoberto (GO), mas não obteve resposta até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue em aberto e o texto será atualizado conforme posicionamentos da pasta.