Secretária de Saúde sobre mortes de crianças: “Estamos todos abalados”
Representantes da Saúde e do Buriti comentaram casos recentes de mortes de crianças na rede pública e detalharam investimentos no SUS local
atualizado
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Em coletiva convocada para a manhã desta quinta-feira (23/5), com representantes do Executivo local e do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), a secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio (foto em destaque), comentou as mortes de crianças registradas recentemente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas e no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).
“Todas as notícias, [todos os] fatos nos comovem e nos abalam. Pedimos, primeiro, força a Deus. E [tenho] a certeza de que a missão que me foi confiada é entregar [uma] Saúde de qualidade. Trabalhamos para salvar vidas. Uma vida [perdida], uma sequela [que fica] abala, e estamos todos abalados. Mas, cada vez em que me deparo com uma notícia [assim], construímos soluções”, afirmou a chefe da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).
Após as mortes, o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF) abriu três sindicâncias para analisar os casos, segundo a secretária. Os corpos dos pacientes passarão por necrópsia, e os resultados vão definir com mais detalhes o que causou os óbitos.
Ainda durante a coletiva desta manhã, o secretário da Casa Civil do Distrito Federal, Gustavo Rocha, lamentou “cada vida perdida”. “[Foram] situações que, apesar dos investimentos [feitos], vieram a ocorrer. O trabalho e a orientação do governador Ibaneis [Rocha] é que fiquemos em constante evolução na área da saúde”, comentou.
O chefe da Casa Civil, órgão que cria estratégias para as articulações políticas do governo, também associou a epidemia de dengue e a demanda de pacientes do Entorno na rede do DF à “sobrecarga do sistema de saúde” local. “Precisa melhorar muito, sim, e trabalhamos para que possamos, cada vez mais, ser referência de atendimento no Brasil, mas ainda precisamos de tempo”, declarou Gustavo.
Dengue e doenças respiratórias
Presidente do Iges-DF – instituto responsável por gerir as UPAs –, Juracy Cavalcante disse que não houve negligência ou inércia na atenção dispensada às três crianças que morreram após darem entrada na rede. Ele também se solidarizou com as famílias dos pacientes. “Esta gestão trabalha com análise de fatos e processos de qualidade para averiguar incidentes”, ressaltou.
Juracy acrescentou que o período de sazonalidade das doenças respiratórias coincidiu com a epidemia da dengue, cenário que deixou as crianças mais suscetíveis a enfrentar casos graves de enfermidades.
“Quem trabalha na saúde está sujeito a desfechos clínicos que não queríamos [ter]. Não pensem vocês que é fácil lidar com situações assim. Tratamos de pessoas. E elas, a partir do momento em que escolhem a [profissão na área da] saúde, escolhem com o propósito de cuidar de vidas. Quando não conseguimos, há um baque na equipe. Obviamente, temos de estar unidos nesse sentido, para trazermos melhorias [ao sistema]”, completou.
UTIs e ambulâncias
Os investimentos na Saúde do Distrito Federal aumentaram de R$ 7,6 bilhões, em 2019, início do primeiro governo de Ibaneis Rocha (MDB), para R$ 12,4 bilhões, segundo a Casa Civil. E, desde 2022 até o presente momento, o número de leitos em unidade de terapia intensiva (UTI) aumentou, segundo a SES-DF. Agora, a rede conta com 117 vagas para pediatria, 98 para recém-nascidos e 293 para adultos, entre os próprios e os contratados de hospitais particulares.
Contudo, a secretária Lucilene Florêncio reconheceu haver serviços “que não conseguem ser entregues pela rede de saúde do DF”, assim como em “nenhuma unidade da Federação”, a exemplo de pediatria, neurologia e anestesiologia – especialidade com 150 contratações efetuadas nessa quarta-feira (22/5), segundo o GDF.
A chefe da Saúde local acrescentou que a pasta aguarda receber 60 novas ambulâncias para a rede pública em até 90 dias: 45 brancas e 15 para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Evoluímos, mas o SUS é uma obra inacabada, assim como a saúde. Temos falhas e precisamos construir planos e projetos para reconstruir tudo”, completou Lucilene.