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Rollemberg gastará R$ 5,9 mi com campanha para se autopromover, a mais cara de sua gestão

Valor poderia ser ainda maior, pois o primeiro pedido da equipe de comunicação foi um aporte de R$ 15 milhões

atualizado

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Rodrigo Rollemberg
1 de 1 Rodrigo Rollemberg - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Derrotado nas urnas, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) investirá, nos últimos 40 dias de seu mandato, R$ 5,965 milhões em uma campanha publicitária. O objetivo: exibir as realizações de um governo que bateu recordes de rejeição. É o maior investimento em publicidade ao longo de quatro anos de administração.

A quantia despejada nas últimas semanas do governo é mais do que a metade de todo o montante gasto com publicidade nos três primeiros meses de 2018 (R$ 9.136.548).

Rollemberg teve quatro anos para mostrar serviço e, recentemente, foi testado e reprovado nas urnas. Mesmo assim, já empenhou os quase R$ 6 milhões na chamada propaganda institucional, quando o governo exibe conteúdos autopromocionais.

Há outro tipo de publicidade, a de utilidade pública, que prioriza temas considerados de interesse social. Por exemplo, combate à dengue, uso racional da água, alertas sobre queimadas, aleitamento materno, vacinação, campanhas de respeito às regras de trânsito e até mesmo as sobre pagamento de impostos estão assim classificadas.

Não é esse o tipo de mensagem que o cidadão vai receber nos próximos dias. A ideia da campanha derradeira de Rollemberg é insistir na tese de que deixou a casa arrumada. Um recado pelo qual o próprio cidadão vai pagar.

A pegada da campanha será semelhante a uma outra peça, Rumo Certo, veiculada entre 2017 e 2018, que mostrava depoimentos de pessoas beneficiadas por ações do governo, além do andamento de obras oficiais.

Todo o esforço de Rollemberg para convencer a maioria da população sobre o desempenho de seu governo, no entanto, rendeu-lhe um resultado sofrível: chegou ao segundo turno com 13,94% dos votos e terminou o processo perdendo para Ibaneis Rocha (MDB), candidato até então desconhecido pela maior parte da população, mas que arrebanhou 69,79% dos sufrágios na capital.

As fatias da bolada
Dos R$ 5,9 milhões que serão injetados em publicidade, R$ 4,17 milhões foram destinados à Propeg, uma das três empresas que atendem o Governo do Distrito Federal (GDF). A Binder ficou com R$ 1,78 milhão. A Desigual não foi contemplada.

O atual secretário de Comunicação, Paulo Fona, era gerente da Propeg antes de assumir o cargo no alto escalão do governo Rollemberg, em abril de 2017.

No entanto, toda a documentação interna para a liberação da última campanha publicitária durante a administração Rollemberg foi autorizada por Gabriel Garcia Almeida, secretário adjunto de Comunicação e braço direito do número 1 da pasta.

Tão logo o grupo perdeu a eleição, Paulo Fona viajou de férias e deixou a caneta para seu substituto assinar a papelada dessa ação derradeira. Mesmo a distância, porém, coordenou todo o processo, embora não tenha assinado a documentação.

No comando da pasta, Fona turbinou a relação do Buriti com os veículos de comunicação e com as agências de publicidade. De 2016 para 2017, o gasto do GDF com campanhas saltou de R$ 79.431.199,10 para R$ 139.564.751,00, um aumento de 70%.

No primeiro ano do governo, 2015, o investimento foi bem menor: R$ 29.571.785,60. E nos nove primeiros meses de 2018, R$ 56.098.024,00. Como é ano eleitoral, as vedações da lei acanharam o investimento no setor.

Inversão de prioridades
Nesse período, também houve uma clara inversão de prioridades. O orçamento destinado à publicidade institucional, a que exalta feitos do governo, cresceu – e as campanhas de utilidade pública deixaram de receber a maior fatia do bolo.

Em 2016, foram destinados R$ 27 milhões para campanhas de utilidade pública, enquanto as peças institucionais receberam R$ 18 milhões. Em 2017, os gastos com as duas aumentaram, mas as peças de promoção do governo receberam R$ 71 milhões, enquanto as de interesse público ficaram com R$ 47 milhões.

Nos nove primeiros meses de 2018, a diferença ficou ainda maior. Foram gastos R$ 24 milhões em peças institucionais, enquanto as de utilidade só receberam R$ 3 milhões.

Pedido exorbitante
A equipe de Comunicação de Rollemberg tentou emplacar, na última campanha, mais dinheiro até do que foi, no final das contas, aprovado. O primeiro pedido foi de R$ 15 milhões. Enviada para a pasta responsável pela publicidade, a solicitação foi negada. Os gestores apontaram que não havia todo o dinheiro no caixa.

A quantia, então, caiu para R$ 8 milhões. Mas a Governança – grupo responsável pela liberação de investimentos – acabou aprovando o uso de R$ 5,9 milhões na campanha publicitária. Menos do que o pretendido e mais do que todas as campanhas individuais já realizadas pelo GDF na gestão de Rollemberg. O valor só é batido se somadas todas as campanhas ao longo dos quatro anos de combate à dengue e uso consciente da água.

Procurada pela coluna, a Secretaria de Comunicação informou que a campanha “não compromete as contas do Governo do Distrito Federal e está dentro da previsão orçamentária”.

Pode até não comprometer as contas, mas quem testemunha a cidade se desmanchando a cada chuva, os hospitais desabastecidos de toda a sorte de insumos, déficit de creches, escolas caindo aos pedaços e terceirizados sem receber, dificilmente acreditará na investida da campanha publicitária que se avizinha. Um dinheiro público jogado pelo ralo.

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