Reeleita para reitoria da UnB, Márcia Abrahão espera que Bolsonaro respeite votação
Escolhida por 54% da comunidade acadêmica, a professora disse que tem “boa expectativa”. Prazo para definição é 22 de novembro
atualizado
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Reeleita pela comunidade acadêmica para o posto de reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão enfrentará, agora, as próximas etapas até a nomeação definitiva para o novo mandato de quatro anos. São elas: definição da lista tríplice pelo Conselho Universitário (Consuni) para a escolha pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a partir dos nomes apresentados.
Historicamente, os candidatos mais votados por professores, alunos e servidores são sempre referendados pelo Executivo Nacional. Bolsonaro, no entanto, tem surpreendido ao contrariar a escolha da comunidade acadêmica nomeando dirigentes não vitoriosos para chefiar universidades e institutos federais.
Em 2019, das 14 nomeações feitas por Bolsonaro para o comando de instituições de ensino, seis foram de candidatos que não venceram as eleições internas. No início deste ano, o presidente da República indicou para a reitoria da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), no Rio Grande do Norte, a terceira colocada na votação acadêmica.
O movimento de Bolsonaro no sentido de indicar o terceiro colocado nas eleições da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) repercutiu em uma reação da comunidade acadêmica, que organizou protestos. Nessa quinta-feira (10/9), um deputado federal próximo ao presidente afirmou que Bolsonaro escolheria o candidato derrotado. A nomeação ainda não foi publicada. O prazo para a formalização é 20 de setembro.
A UnB viveu momentos de tensão com o governo federal durante a gestão de Abraham Weintraub. Na época, o polêmico ministro da Educação anunciou que cortaria verbas destinadas à universidade alegando que a instituição era palco de “balbúrdia”. Em novembro de 2019, ele afirmou, em postagens nas redes sociais, que existiam plantações de maconha na instituição.
Recém-eleita para dirigir por mais quatro anos a UnB, Márcia afirmou em entrevista à Grande Angular que tem “boa expectativa” em relação à escolha do presidente Jair Bolsonaro. “A comunidade disse, com muita firmeza, o que quer para a UnB. Fomos eleitos em primeiro turno”, afirmou. “Temos uma comunidade muito aguerrida”, destacou.
A reitora ponderou que a UnB vive um “novo momento” na relação com o governo federal após a saída de Weintraub. “O atual ministro tem postura conciliatória. Temos tido um diálogo constante”, afirmou.
Nessa sexta-feira (11/9), a Comissão Organizadora da Consulta (COC) divulgou relatório final das eleições, que ocorreram entre 25 e 26 de agosto. Ao todo, foram computados 15.387 votos, sendo 2.119 docentes, 1.989 técnicos administrativos e 11.279 estudantes. Esta foi a primeira vez que o processo de escolha foi totalmente on-line, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
A chapa encabeçada por Márcia Abrahão recebeu 54% dos votos, o que garantiu a vitória em primeiro turno.
Em nota, a COC destacou a importância do respeito à votação: “Desde a redemocratização do Brasil, em 1985, todas as consultas à comunidade acadêmica para eleição de reitoria da Universidade de Brasília ocorreram em absoluto respeito à soberania do voto, à autonomia universitária e à vocação democrática da UnB”.