Psicólogo do DF acusado de dar golpe será investigado pelo CRP
Pessoas supostamente lesadas por Jerry Souza da Costa criaram um grupo de mensagens chamado “Dívida do Jerry”. Ao menos cinco o denunciaram
atualizado
Compartilhar notícia
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP-1/DF) abriu apuração interna para investigar denúncias de estelionato contra o psicólogo Jerry Souza da Costa, 34 anos. A decisão do órgão saiu após a publicação de denúncia veiculada pelo Metrópoles.
O CRP-1/DF informou que, apesar de nenhuma reclamação ter chegado ao Setor de Orientação e Fiscalização do conselho, “todas as denúncias” das quais o órgão tem ciência “são apuradas pelos setores responsáveis e, se confirmados os fatos, o profissional envolvido poderá responder a processo disciplinar ético”. A sanção pode envolver desde advertência até cassação do registro profissional.
“A partir das informações relatadas pela imprensa, o Setor de Orientação e Fiscalização do Conselho comunica que apura a situação relatada pela reportagem e reforça que pacientes e outras pessoas que tenham se sentido lesadas em alguma situação envolvendo o exercício da psicologia no DF devem encaminhar, de forma anônima, caso prefiram, uma queixa ao Conselho, informando o ocorrido pelo e-mail denuncia@crp-01.org.br”, destacou a instituição.
O Conselho Regional de Psicologia do DF informou, ainda, que, em casos representados na Comissão de Ética, os processos seguem em sigilo até a determinação da sanção a ser aplicada.
Entenda o caso
Pacientes que se dizem vítimas do psicólogo criaram um grupo no WhatsApp chamado “Dívida do Jerry”, com 24 integrantes até essa sexta-feira (25/8).
Encorajadas por relatos semelhantes contra o profissional, ao menos cinco pessoas registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) contra o psicólogo, dono da clínica Zuza, de Brasília.
Uma delas é o enfermeiro José Abimael Ferreira Abílio, 37. Ele conta que procurou a clínica em busca de apoio psicológico e começou a ser atendido por Jerry, em 2020. O enfermeiro contou à coluna Grande Angular que Jerry estreitou os laços e começou a mandar mensagens pelo WhatsApp fora do horário das sessões.
José Abimael passou a vê-lo como amigo, até o momento no qual Jerry pegou um total de R$ 4.845 emprestados e pagou apenas R$ 2 mil, em descompasso com o Código de Ética da Psicologia, que proíbe a prática de atos de exploração.
“Sem nenhuma cerimônia, ele começou a pedir dinheiro. Primeiro, foram R$ 100. Ele dizia que o banco estava com problema e prometia devolver logo. Depois, pediu R$ 700, mais mil e poucos reais, sempre via Pix. Quando juntou mais de R$ 4,5 mil, ele começou a esquecer das minhas consultas”, relatou José Abimael à coluna.
Segundo o ex-paciente, Jerry pagou a ele apenas R$ 2 mil, após muita insistência. “Depois disso, ele sumiu, me bloqueou. Quando ia na clínica, se escondia e dizia para as funcionárias que eu era esquizofrênico e estava em surto psicótico”, afirmou. José Abimael denunciou o psicólogo à Polícia Civil do DF.
Ex-funcionários também acusam o profissional de não pagar dívidas, além de cometer falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina.
Outro lado
Em nota enviada à coluna, o psicólogo Jerry afirma que “não houve em nenhum momento conduta a ser questionada dentro ou fora” da clínica. Ele afirma que duas ex-colaboradoras “receberam salário, alimentação e passagens, como toda a rescisão contratual”.
“Nossos prestadores têm ciência e são sempre informados sobre acerca (sic) de recebíveis e tratativas, inclusive quando há problemas com pagamentos junto aos planos de saúde — que costumam demorar um pouco mais –, na medida do possível buscamos soluções visando manter o bom andamento da clínica, a valorização de nossos profissionais e o seguimento dos nossos serviços numa conduta ética.”
O psicólogo acrescenta que a “justiça seja feita”. “Estou à disposição para dirimir quaisquer dúvidas, tenho ciência de que minha conduta é ética e meu trabalho realizado de acordo com a moral, não havendo que se falar em golpe ou abuso.”