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Presidente da ADPF: “Precisamos blindar a PF do poder político”

No comando da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Edvandir Paiva falou das principais demandas da categoria

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Edvandir Paiva
1 de 1 Edvandir Paiva - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Autonomia e orçamento. São essas as principais demandas da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). Em entrevista à Grande Angular, o presidente da entidade, Edvandir Paiva, falou sobre os problemas enfrentados pela corporação nos últimos anos, como corte de investimentos, redução do efetivo e mudanças no comando da força policial.

Em 24 meses, três nomes ocuparam o posto de diretor da Polícia Federal: Leandro Daiello, Fernando Segóvia e Rogério Galloro – que continua no cargo. Em 2019, virá mais uma mudança. Escolhido por Jair Bolsonaro (PSL) para o superministério da Justiça e Segurança Pública, o juiz Sérgio Moro anunciou que o delegado Maurício Valeixo assumirá o comando da PF.

Para Paiva, a instabilidade travou o andamento de projetos. Mas o líder sindical vê com bons olhos a próxima mudança. “O Maurício Valeixo é muito preparado e tem uma carreira extensa e reconhecida”, afirmou. Uma das principais pautas da ADPF é a implementação de uma lista tríplice para a escolha do diretor-geral, com mandato de, pelo menos, três anos.

“Sem essa segurança, há o risco de algumas investigações não andarem, para evitar represálias. Ninguém quer perder o cargo. O mandato dá liberdade para o diretor dizer ‘não’ quando houver tentativas de interferência. Além disso, não podemos depender do cenário político e de mudanças no ministérios”, afirmou Paiva.

Orçamento
A progressiva redução do orçamento é outra queixa da entidade que representa os delegados da PF. Segundo Paiva, desde 2010 a verba destinada à força policial é reduzida ano a ano. “Data do início do Mensalão. Essas coisas não são coincidência”, ponderou.

Além dos cortes, as verbas destinadas à PF estão sujeitas ao contingenciamento do Executivo e não há previsão quanto ao montante que será liberado. O que, segundo Paiva, impacta em licitações para a compra de equipamentos – recentemente, policiais federais tiveram que ir às ruas com coletes à prova de bala vencidos – e, principalmente, a realização de concursos públicos para reposição dos quadros.

“A Polícia Federal tem quadro previsto em lei de 15.200 servidores. Hoje, são 10.800. Ou seja, há um déficit de mais de 25%. Atualmente, há um concurso para a contratação de 500 servidores em andamento, mas esse efetivo não cobre a quantidade de policiais que se aposentaram neste ano”, explicou.

De acordo com o presidente da ADPF, os processos seletivos são complexos e precisam de previsão orçamentária. “Não é um concurso simples, tem treinamento, cursos… São 3 mil tiros para cada aluno durante a formação. É tudo muito caro”, afirmou. Os certames para a contratação de quadros para a PF foram realizados em 1997, 2002, 2004 e em 2018.

Segundo Paiva, o quadro reduzido compromete o trabalho dos delegados e dos policiais federais, que possuem uma longa lista de atribuições. “Fronteira, imigração, passaporte, controle dos produtos químicos e da segurança privada. E a investigação, que é nosso carro-chefe”, disse.

Anderson Torres
O governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou Anderson Torres como futuro secretário de Segurança Pública, mantendo assim, um delegado da Polícia Federal no comando da pasta. Hoje, o cargo é ocupado por Cristiano Barbosa Sampaio.

“Vimos boas gestões de quadros da PF na segurança do Distrito Federal, como a do Sandro Avelar, no governo de Agnelo Queiroz, e a do Cristiano Barbosa atualmente”, apontou Paiva.

“A indicação do Anderson Torres é excelente. Além de delegado, que atuou, por exemplo, na Diretoria de Combate Organizado no DF, ele soma a experiência política e administrativa de ter sido chefe de gabinete do deputado federal Fernando Francischini (PSL)”, elogiou.

Para Paiva, o próximo secretário de Segurança do DF tem todas as condições para desenvolver um bom trabalho, apesar de reconhecer que não é uma missão fácil. “A segurança pública na capital do país tem muita visibilidade. Quando acontece um crime em Brasília, a repercussão é nacional. Torres tem muito trabalho pela frente, mas tem inteligência para tratar das principais questões, como as diferentes forças que integram a pasta”, afirmou.

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