Polícia Civil recebe pedido de investigação por racismo no Metrô-DF
O Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos entregou representação na Decrin e no MP após jovem poeta ser retirado à força do Metrô
atualizado
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O Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos (CentroDH) protocolou nesta segunda-feira (24/5) representação contra a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) por “abordagem abusiva de seguranças”, prática de conduta preconceituosa e discriminatória e suspeita de racismo”. A entidade pede à Decrin investigação sobre ação de seguranças da Estação Feira retirando à força um passageiro do vagão, em 14 de maio.
Rafael da Cruz, 31 anos, recitava poesias nos vagões do Metrô e relatou ter sido agredido enquanto passava de um vagão para o outro. Em vídeo gravado por populares, Rafael aparece sofrendo um “mata-leão”, golpe de imobilização que consiste em enforcar a pessoa.
As imagens mostram que Rafael se recusa a sair de um vagão e é puxado para fora. Dizendo que “não é bandido”, ele é jogado no chão e imobilizado, sob protesto de alguns passageiros que acompanhavam a cena.
Veja vídeo:
Após ampla divulgação das imagens, o Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos pediu à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) pelo menos 11 pontos de ação. Posteriormente, a entidade também vai ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) pedir investigação.
O presidente da CentroDH, Michel Platini, e Rafael dos Santos Cruz protocolaram o documento nesta segunda-feira. “Para nós, é o caso George Floyd no Brasil”, disse Michel.
Veja vídeo:
Entre os pontos estão o pedido para a expedição de ofício ao Metrô-DF a fim de que a companhia informe por qual razão Rafael dos Santos Cruz foi retirado do vagão; e que os seguranças envolvidos na ação sejam afastados dos cargos preventivamente no atendimento ao público.
Pede ainda que o Metrô-DF informe a periodicidade e metodologia do treinamento dos seus agentes de segurança, e quando se deu o último treinamento dos envolvidos na ocorrência, além de solicitar a realização de campanhas de enfrentamento ao racismo e à discriminação.
O item 11 pede ação da autoridade policial: ” Que seja requerido à autoridade policial a abertura de inquérito policial para apuração da prática de racismo pelos referidos agentes de segurança”, diz o texto.
Veja documento:
Manifestação à Decrin by Metropoles on Scribd
Metrô
Procurada à época, a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal disse que Rafael realizava “mendicância no trem, prática proibida pelo RTTS (Regulamento de Transporte de Tráfego e Segurança)”.
Segundo o Metrô, Rafael teria tentado “trocar de carro (vagão) e segurou a porta do trem, fato que impediu a saída do trem. A segurança abordou o indivíduo e solicitou que ele saísse do trem para averiguações, mas ele se negou. Os seguranças insistiram na saída dele por ter transgredido o RTTS. Diante da negativa, por conta da resistência e desobediência, ele foi contido e retirado do sistema”.
Um boletim de ocorrência foi registrado na 1ª DP (Asa Sul) e um agente da segurança foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) “devido a machucados na região da testa durante a atuação na ocorrência”.
Nesta segunda-feira (24/5), a Coluna Grande Angular entrou em contato com o Metrô-DF para tratar da representação, mas não havia recebido resposta até a última atualização desta matéria. O espaço permanece aberto.