PCGO indicia vereador que fez som de macaco para colega negro
O vereador de Planaltina de Goiás Lincon Albuquerque fez som de macaco durante discussão com o colega Carlim Imperador (Pros), que é negro
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Civil de Goiás (PGGO), por meio da 11ª Delegacia Regional de Polícia, indiciou o vereador de Planaltina (GO) Professor Lincon Albuquerque (Cidadania) por injúria racial contra um colega negro. O inquérito foi concluído e enviado à Justiça na última sexta-feira (12/1).
A Câmara Municipal de Planaltina discutia o projeto de criação de uma loteria municipal, no dia 13 de novembro de 2023, quando Lincon fez som de macaco em direção a Carlim Imperador (Pros), que expunha os argumentos no momento
Veja o momento em que Lincon faz o som de macaco:
O delegado regional José Antônio Machado Sena apontou, no relatório da investigação, que ficou comprovada a materialidade do delito e disse que há indícios suficientes de autoria para indiciar Lincon por injúria racial. O crime prevê pena de dois anos a cinco anos de reclusão e multa.
O delegado enfatizou que o vídeo sem corte da sessão da Câmara Municipal de Planaltina mostra discussão entre os dois vereadores. Na ocasião, Lincon “gesticula com as mãos próximas ao ouvido, fazendo sinais de abrir e fechar os dedos, o presidente se manifesta pedindo para que os dois se acalmem e, logo após, Lincon profere guinchos com a boca, reproduzindo sons que imitam um macaco”.
Uma testemunha relatou à polícia que, após os gestos e os barulhos produzidos por Lincon, “a sessão ficou em silêncio momentaneamente pelo constrangimento dos atos”.
O relatório da 11ª Delegacia Regional de Polícia com o indiciamento do vereador foi assinado no dia 20 de dezembro de 2023 e enviado ao fórum responsável na última sexta-feira.
O indiciamento da PCGO representa o final da investigação no âmbito policial. O relatório foi enviado ao Ministério Público de Goiás (MPGO), que poderá denunciar o vereador ou pedir o arquivamento do caso.
O que dizem os envolvidos
Lincon disse à coluna que não cometeu qualquer injúria contra o colega e que agora terá a oportunidade de se defender. “Não fiz barulho de macaco. É muito difícil hoje, diante de toda a repercussão que o caso teve, fazer enfrentamento nesse sentido. De foram nenhuma tive intenção de ofendê-lo. O objetivo era única e exclusivamente fazer som mais alto que ele, que estava falando de mim”, afirmou o vereador.
“Somos extremamente divergentes. Temos discussões mais ásperas. Mas posso afirmar que em momento nenhum tive intenção de ofender ou macular o vereador. O grito foi aleatório. Sou professor há 18 anos e a questão da diversidade é muito cara para mim”, declarou Lincon.
O vereador Carlim disse que o indiciamento de Licon é um “importante passo tomado pela Polícia Civil do Estado de Goiás que representa avanço significativo para que situações envolvendo o racismo e a injúria racial não se repitam”.
“Embora ciente de que haverá outros desdobramentos no Judiciário, é necessário coibir tais atos, assegurando que a discriminação não encontre espaço e que a diversidade seja respeitada”, disse o parlamentar.
O advogado de Carlim, Paulo Henrique Gonçalves, declarou que, diante do encerramento das investigações por parte da Polícia Civil, a defesa espera que, nos próximos dias, o Ministério Público ofereça denúncia contra o vereador.
A coluna tentou contato com o vereador Professor Lincon Albuquerque, por meio do telefone do gabinete e do perfil do parlamentar no Instagram, mas não obteve retorno até a publicação. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.