Paranoazinho: PCDF indicia Tarcísio Márcio Alonso por estelionato
Segundo a Polícia Civil, ele vendeu duas vezes terrenos da antiga fazenda, onde hoje estão instalados condomínios do Grande Colorado
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pediu o indiciamento de Tarcísio Márcio Alonso por estelionato na venda duplicada de terrenos da antiga Fazenda Paranoazinho, onde hoje estão instalados condomínios do Grande Colorado.
O inquérito, da Coordenação de Repressão aos Crimes Conta o Consumidor (Corf), foi apresentado ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).
“Entendemos que a venda duplicada dos mesmos terrenos para os atuais moradores e para a Urbanizadora configura crime de estelionato”, explicou o delegado Miguel Lucena, responsável pelo inquérito.
Em julho de 2019, a Grande Angular revelou documentos inéditos que demonstram a possível maracutaia no processo que pode lesar milhares de pessoas. A papelada mostra que os moradores, em sua maioria, compraram e pagaram pela terra vendida por Tarcísio Márcio Alonso.
Mostram ainda que ele revendeu os mesmos quinhões para a atual Urbanizadora Paranoazinho, uma sociedade anônima criada exclusivamente para gerir o bilionário negócio. Trocando em miúdos: o negociante vendeu as mesmas propriedades duas vezes, lucrou em dobro.
A defesa de Tarcísio Márcio Alonso não foi localizada.
Histórico
Os moradores enfrentam na Justiça a Urbanizadora Paranoazinho. A empresa não reconhece os documentos apresentados pelos residentes do Grande Colorado. Argumentam que eles teriam “comprado mal” e feito um negócio precário e irregular.
Só que os registros obtidos pelo Metrópoles trazem à luz um fato muito relevante: a mesma documentação, agora desprezada pela Urbanizadora Paranoazinho, foi validada na transação de sete anos atrás, que tornou a empresa legítima dona das terras.
Tarcísio, que é peça-chave nessa história, negociou durante anos, uma por uma, as cessões de direito à posse das terras com os herdeiros do José Cândido, o primeiro dono da fazenda. Depois, o mesmo Tarcísio Márcio Alonso viria a renegociar com a Paranoazinho a papelada, numa operação de R$ 60 milhões.
A transação está detalhada em escritura de compra e venda firmada entre Tarcísio e a sociedade anônima, registrada em 9 de abril de 2013, no 15º Cartório de Notas de São Paulo.
Tarcísio chegou a ser condenado e preso por grilagem de terras no Distrito Federal e em São Paulo. Mesmo sendo observado de perto por autoridades policiais, conseguiu reunir dois empresários com capital para dar início à exploração da área situada em Sobradinho.