OAB quer retratação de Chico Vigilante: “Postura ofensiva com advocacia”
Presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF questionou presença de advogados acompanhando depoente “do nada”
atualizado
Compartilhar notícia
A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) pediu ao presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do DF (CLDF), Chico Vigilante (PT), que se retrate publicamente por “postura ofensiva para com a advocacia”.
O ofício da OAB-DF foi encaminhado ao parlamentar nessa sexta-feira (30/6), um dia após o presidente da CPI questionar a presença, “do nada”, de advogados do depoente Alan Diego dos Santos.
A presença dos defensores chamou a atenção dos distritais logo no começo da sessão, às 9h. Alan Diego dos Santos não soube responder o sobrenome de quem o defendia. Questionado se tinha advogado, o depoente só apontou para o homem ao lado. Perguntado o nome dele, Alan respondeu: “Só sei que é Ruan”.
Rusgas
Durante o depoimento, Chico Vigilante (PT) teve uma série de rusgas com os advogados do bolsonarista condenado. “Apareceram dois advogados? Ele não tinha nenhum”. Alan, por sua vez, debochou: “São quatro”. O primeiro advogado interrompeu o depoimento do cliente por várias vezes, com toques no braço e cutucadas indiscretas. Isso aconteceu inclusive em situações em que Alan queria falar.
Já pela tarde, a CPI tentou colher o depoimento de George Washington de Oliveira Sousa. Após uma hora e quarenta minutos do início das perguntas, uma advogada chegou e se apresentou como representante de George. O deputado distrital Max Maciel (PSol), que foi interrompido em suas perguntas, comentou: “Hoje apareceram coisas engraçadas nessa CPI. Quem não tinha advogado teve quatro, cinco”.
Direito à defesa
A Diretoria de Prerrogativas da OAB-DF expressou, no ofício, “profunda preocupação” e exigiu “respeito aos advogados que participam das sessões da CPI”.
“Destacamos que os advogados desempenham um papel fundamental no sistema de justiça, garantindo os direitos fundamentais dos cidadãos e zelando pela observância do devido processo legal. A presença de advogados nas sessões da CPI visa assegurar o pleno exercício da ampla defesa, princípio inalienável de um Estado Democrático de Direito”, afirmou.
No ofício, a Diretoria de Prerrogativas pediu a Chico Vigilante que “se retrate publicamente das ofensas perpetradas aos advogados, garantindo, dessa forma, o respeito que a advocacia merece”.
O documento é assinado pelo presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva Júnior, pelo diretor de Prerrogativas, Newton Rubens de Oliveira, e por outros três representantes da entidade.
Após a divulgação da sessão da CPI em que os deputados questionaram a presença dos advogados do depoente, membros da OAB-DF ingressaram com representação formal no órgão da categoria. O advogado Marco Vicenzo, por exemplo, pediu “imediato desagravo público de Chico Vigilante e da Câmara Legislativa”.
Quem são os depoentes
George e Alan foram condenados por planejar a explosão no aeroporto de Brasília na véspera do Natal do ano passado. A bomba estava acoplada a um caminhão-tanque e só não foi acionada por um erro técnico.
Em maio, Alan foi condenado a 5 anos e 4 meses, em regime inicial fechado. Já George terá que cumprir 9 anos e 4 meses de reclusão, também em regime fechado.