NY: governadores falam sobre entraves para desenvolvimento do Brasil
Nove governadores de estados do Brasil participam, junto a parlamentares e empresários, do Lide Brazil Investment Forum, em Nova York
atualizado
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Nova York – Governadores de nove estados destacaram as oportunidades de investimentos no Brasil e falaram sobre os principais entraves para o crescimento econômico, no Lide Brazil Investment Forum, nesta terça-feira (14/5).
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que o estado é “muito prejudicado pelo pacto federativo”. “A União arrecada no nosso estado a incrível cifra de R$ 460 bilhões por ano e só devolve ao Rio de Janeiro R$ 29 bilhões. Se Rio de Janeiro fosse um país, seria uma das maiores economias do mundo, teria em torno de US$ 60 bilhões para investir por ano. Precisamos urgentemente de um novo pacto federativo, de um novo marco legal das concessões”, defendeu.
No evento realizado em Nova York, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enfatizou o peso do complexo sistema de tributação do país para os empresários. “Todo empresário no Brasil calça uma bota de chumbo. Em alguns estados, essa bota é de 1kg, em outros é de 2kg. Mas, em Minas, o que nós temos procurador fazer é amenizar ao máximo esse peso que todo empresário calça no Brasil hoje”, declarou.
O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), fez um apelo para que cada um dos três Poderes exerçam seu papel e pediu para deputados e senadores não deixarem o “Judiciário legislar”. Aos mais de 300 empresários presentes no Lide, Mendes disse: “Acreditem no Brasil. Resta a nós, agentes públicos, fazer o que é necessário para transformar todas as oportunidades em realidade para o país. Precisamos, cada vez mais, que o Congresso Nacional assuma para si seu papel e não deixe o Judiciário legislar no lugar dos senhores parlamentares, criando regras descoladas da realidade brasileira. É fundamental que cada um exerça o seu papel.”
Pré-candidato a presidente da República, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), destacou que a burocracia leva os investidores a desacreditarem do potencial de um estado e defendeu a reforma administrativa.
Caiado citou que, em relação à segurança pública, foi “obrigado a aprovar leis mais rígidas, que até hoje são discutidas no Supremo”. “Faccionado e estuprador não têm direito a visita íntima. Isso é regalia e não se admite no meu estado de Goiás. Ou muda de profissão ou do estado. É uma rigidez dura, firme, para que o cidadão se sinta tranquilo”, citou.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse ser favorável ao Congresso Nacional impedir a aprovação do quinquênio, benefício de valorização por tempo de trabalho para juízes e promotores de Justiça. “O Congresso Nacional agora tem desafio, que é barrar o retorno do quinquênio para o Poder Judiciário. A gente quer que a sociedade brasileira seja efetivamente atendida pelos tributos que a população paga”, afirmou.
Assista ao evento:
Fibra ótica e emprego
Eduardo Riedel (PSDB), governador do Mato Grosso do Sul, anunciou que o estado será coberto por internet de fibra ótica. “O tráfego de dados é tão importante quanto o de cargas: esse é o mundo onde vivemos hoje. Por isso, nos 79 municípios teremos todos os prédios públicos conectados por fibra ótica até o final deste ano e disponível para o setor privado, também, em uma grande PPP para equacionar esse problema”, citou.
O governador do Paraná (PSD), Ratinho Filho, disse que o estado está com vagas de empregos abertas e sem gente para preenchê-las. “Nós estamos transformando o Paraná em uma agroindústria: produzir a proteína vegetal, transformar em ração, virar proteína animal, levar para o frigorífico para ser tudo fatiado, congelado e embalado e exportar para 170 países. Isso fez com que o Paraná tivesse uma geração de emprego, nos primeiros três meses, de 70 mil empregos com carteira assinada, ficando abaixo de 4% de desocupação, tendo agora um grande e bom problema: temos mais vaga de emprego que gente para trabalhar”, contou.
Amazônia
A Amazônia também foi tema dos discursos dos governadores do Amazonas, Wilson Lima (União), e do Pará, Helder Barbalho (MDB). Lima disse que a região enfrenta o desafio de desconstruir a falsa narrativa de que “qualquer atividade econômica que se desenvolva na Amazônia é crime”.
“Infelizmente, a maioria não tem consciência de que isso agrava cada vez mais os problemas que nós temos. No mundo real da Amazônia, especificamente no estado do Amazonas, 50% da população vive na linha da pobreza ou abaixo da linha da pobreza”, enfatizou o governador do Amazonas.
Helder Barbalho disse que o Pará se prepara para a COP 30 construindo a estruturação de mudanças no estado. “Primeiro, com redução de desmatamento, conciliando a responsabilidade do desenvolvimento sustentável, assegurando os direitos daqueles que querem produzir, mas tendo pulso forte de combater as irregularidades. Os números estão apresentados: tivemos, em abril de 2024, comparado com abril de 2023, redução de desmatamento de 67% no estado do Pará”, afirmou.