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Novembro Azul: cai número de biópsias de próstata na rede pública do DF

A queda coincide com o período da pandemia do coronavírus. Até agosto de 2020, 97 mortes causadas pela doença foram registradas na capital

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
Marcelo Damasceno câncer próstata
1 de 1 Marcelo Damasceno câncer próstata - Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Assim como o Outubro Rosa acende o alerta sobre o câncer de mama, o Novembro Azul coloca os holofotes na necessidade de se prevenir e tratar o câncer de próstata. A doença causou a morte de 97 homens no Distrito Federal, entre janeiro e agosto de 2020, segundo a Secretaria de Saúde. No ano passado, ocorreram 171 óbitos.

Apesar da urgência do tema, o diagnóstico precoce, essencial em casos de câncer, ainda enfrenta algumas barreiras. Entre janeiro e agosto deste ano, a rede pública de saúde da capital federal registrou queda no total de biópsias de próstata realizadas, ultrassonografias por via abdominal e via transretal. O período coincide com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

Foram realizadas 613 biópsias de próstata nos primeiros oito meses de 2020, quantidade 19,23% menor que o registrado no mesmo período de 2019. Entre janeiro e agosto deste ano, ocorreram 2.175 ultrassonografias de próstata via abdominal e 279 via transretal, o que representa queda de 3,97% e 28,82%, respectivamente, na comparação com 2019.

“Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de próstata é a doença que mata um homem a cada 38 minutos no Brasil. No país, esse tipo de câncer é o segundo mais comum entre os homens”, ressaltou a Secretaria de Saúde.

A rede particular também indicou redução em testes necessários para o rastreamento da doença. É o caso do exame de sangue para avaliação de PSA, substância produzida pela próstata e que em condições anormais pode mostrar se há algo de errado. Houve diminuição de 45% dos testes realizados entre janeiro e outubro de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. A informação, do Sindicato dos Laboratório de Pesquisas e Análises Clínicas do Distrito Federal (Sindilab-DF), leva em conta 120 unidades de diagnóstico privadas.

Para o presidente do Sindilab-DF, Alexandre Bitencourt, o cenário é preocupante e pode levar a diagnósticos tardios em 2021 e sobrecarga dos sistemas de saúde público e privado. “O paciente que já não vem mais fazendo check-up vai lotar o ambiente hospitalar e precisará ser internado. A gente entende que, pelo fato de não ter tratado no início, essa doença se agravou e as intervenções, após a pandemia, precisarão de procedimentos cirúrgicos com internação. É uma preocupação do mundo inteiro”, avaliou.

Luta

O músico Marcelo Damasceno de Sena (fotos em destaque e na galeria abaixo), 56 anos, é um dos pacientes que fazem tratamento contra o câncer de próstata no Instituto do Câncer de Brasília (ICB). Ele recebeu o diagnóstico no final de 2018.

“Eu tive algumas reações fisiológicas e fui procurar um urologista. Sempre me cuidei muito, então foi uma coisa que me assustou demais, pois já estava bem avançado quando descobri”, contou.

Em fevereiro de 2019, Marcelo iniciou a quimioterapia. Fez seis sessões, que seguiram até julho de 2019. “Desde os 42 anos eu fazia o exame de próstata todos os anos. Só que deixei de fazer em 2016 e 2017. Em 2018, eu já tive alguns sinais. Penso que talvez não teria chegado à quimioterapia se tivesse feito esses exames nos anos anteriores”, lamentou.

Para Marcelo, o que mais lhe deu forças para passar pelo momento difícil foram os três filhos e a esposa. “A minha família foi crucial. Eu recebi tanto amor que isso me fortaleceu”, disse.

Depois de superar a fase mais difícil da doença, o músico começou a buscar uma vida mais saudável e abriu um instituto de aulas de dança e alongamento. “Eu tive isso como uma missão de vida para mim. O que assusta a gente é o desconhecido, então passei a estudar o assunto, entender mais. Hoje, falo muito sobre isso para outros homens, faço esses alertas, porque cuidar da saúde também é coisa de homem”, enfatizou.

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Ele trata da doença no Instituto do Câncer de Brasília (ICB)
Para Marcelo, se ele não tivesse deixado de fazer exames preventivos nos dois anos anteriores ao diagnóstico, não teria precisado passar pela quimioterapia
Remédios usados pelo músico para conter a doença
Marcelo usa vários medicamentos, mas diz que amor da família e dos amigos o fortaleceram para enfrentar o câncer
A doença havia entrado em remissão, mas voltou após alguns meses, mais agressiva
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Marcelo é vocalista da Banda Coisa Nossa

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Ele trata da doença no Instituto do Câncer de Brasília (ICB)

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Para Marcelo, se ele não tivesse deixado de fazer exames preventivos nos dois anos anteriores ao diagnóstico, não teria precisado passar pela quimioterapia

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Remédios usados pelo músico para conter a doença

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Marcelo usa vários medicamentos, mas diz que amor da família e dos amigos o fortaleceram para enfrentar o câncer

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A doença havia entrado em remissão, mas voltou após alguns meses, mais agressiva

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Ele passou a estudar mais a doença e hoje ajuda outros homens a prevenir e enfrentar o câncer de próstata

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Interrupção

Pelo menos dois hospitais da capital federal interromperam, nessa quinta-feira (19/11), a realização do PSA livre, exame considerado complementar ao PSA total e usado em casos específicos. A pausa ocorreu no Laboratório Regional de Ceilândia (HRC), que atende o Hospital Regional de Ceilândia (HRC), o Hospital Regional de Brazlândia e as unidades básicas de saúde (UBSs) da região Oeste.

Segundo a direção do HRC, o problema se deu por “pontual desabastecimento na Farmácia Central”. “Existe contrato vigente para fornecimento de insumo teste PSA livre. A pasta aguarda entrega por parte do fornecedor”, completou.

Acionada pela coluna, a Secretaria de Saúde esclarece que nenhum procedimento eletivo, tais como consultas, exames e cirurgias oncológicas, foram suspensos durante a pandemia no DF. “A pasta continuará realizando os referidos exames, de acordo com a capacidade da rede de saúde”, completa o órgão.

Diagnóstico

Diretor de Medicina Privada do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), o urologista Diogo Mendes explicou que o PSA livre é um exame “plus“, que agrega valor ao PSA total, esse sim o exame essencial se tratando de urologia.

“O PSA é uma das ferramentas que são utilizadas pelo urologista, portanto, o PSA alto não significa câncer de próstata tampouco o PSA baixo representa a ausência de câncer”, afirmou. O especialista ressaltou que vários elementos são analisados para se chegar ao diagnóstico: “Preciso saber quais foram as dosagens [de PSA] que o paciente teve ao longo da vida, a história familiar clínica, se a próstata está crescendo ou não, se há alteração miccional e como está o toque prostático. Esses cinco fatores vão dizer se é preciso fazer uma biópsia”.

O médico urologista Fransber Rodrigues, da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), assinalou que o PSA livre pode ser usado na vigilância do câncer de próstata, como forma de aumentar um pouco a especificidade do PSA total. “Uma relação entre PSA livre/PSA total abaixo de 25% aumenta a chance de o paciente ser portador de câncer prostático. Contudo, não é a ferramenta principal de vigilância e está longe de ser imprescindível. Há muitos profissionais que nem o utilizam no dia a dia”, disse.

Rodrigues ressaltou que o câncer de próstata é uma doença relacionada com a idade e que ocorre, principalmente, após os 50 anos. “É com essa idade que se recomenda o início da vigilância. Homens de raça negra e com história familiar de câncer de próstata devem iniciar essa vigilância a partir dos 45 anos, pela maior chance de ocorrência dessa neoplasia”, explicou.

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