Negro, advogado é confundido com motorista por segurança do STF
O conselheiro da OAB-DF Nauê Bernardo foi confundido por um segurança do STF, que o pediu para deixar os passageiros e sair com o carro
atualizado
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O advogado e conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) Nauê Bernardo foi confundido com motorista por um segurança do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (29/3).
Segundo pessoas que presenciaram a cena, Nauê chegou no STF dirigindo o próprio carro, um Honda HRV, com mais três pessoas dentro. Único negro no veículo, Nauê ia parar o carro no estacionamento externo, mas o segurança o chamou e mostrou que iria tirar o cone do local onde é feito o desembarque e que leva para a garagem interna do STF. O advogado questionou se era para ele ir à garagem, o segurança negou e o orientou a deixar os passageiros ali e ir embora.
Entenda a diferença entre injúria racial e racismo:
Relatos sobre o caso circularam em grupos de advogados de Brasília. As testemunhas acreditam que Nauê foi confundido com um motorista por ser negro. Ele foi ao STF para audiências com ministros sobre processos no qual atua como advogado.
O presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-DF, Beethoven Andrade, disse que ainda faltam negros dentro dos tribunais. O advogado cobra medidas efetivas contra a discriminação.
“O Poder Judiciário deve estar atento para a conscientização, sobretudo o STF, que vem mudando alguns paradigmas e alterando a lei contra o racismo. Mas atitudes como essa são uma infelicidade para a população negra. O segurança simplesmente replicou um comportamento discriminatório. É uma lástima para a gente”, afirmou Andrade.
Em nota, o STF rechaçou “qualquer tipo de tratamento desrespeitoso ou preconceituoso, e está sempre atento para melhoria de suas práticas internas”. “O Supremo Tribunal Federal apura mais informações sobre o ocorrido, mas, desde já, informa que os funcionários são treinados para tratar todos os visitantes com cordialidade e respeito, e as abordagens são previstas em manuais de orientação e referência”, afirmou.
Procurado pela coluna, Nauê não quis comentar o caso.