“Não faremos recomendação”, diz secretário de Educação sobre rede privada
O GDF decidiu suspender o retorno às aulas presenciais nas escolas públicas. Mas o caso das unidades particulares depende da Justiça
atualizado
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O secretário de Educação do Distrito Federal, Leandro Cruz, disse, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19/8), que o governo local não vai emitir recomendação sobre o retorno das aulas presenciais na rede particular de ensino.
Segundo o gestor, a situação nas escolas particulares é diferente porque há, por exemplo, relação contratual das famílias com as instituições e discussão sobre o caso na Justiça.
“As famílias têm condições, juntamente com as direções das escolas, de trabalhar essa negociação diretamente, inclusive já com manifestação dos colégios de que nenhum estudante será obrigado a voltar ao ensino presencial. Essa mediação será possível conforme decisão da Justiça”, pontuou Cruz.
“Não faremos nenhum tipo de recomendação. Em primeiro lugar, precisamos respeitar a decisão judicial e, depois, deixaremos a mediação entre a escola privada e as famílias contratantes desse serviço”, assinalou.
Uma audiência de conciliação para tratar da reabertura das unidades de ensino particulares foi marcada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) para esta quinta-feira (20/8).
Suspensão
O governador Ibaneis Rocha (MDB), em conjunto com Cruz e o secretário de Saúde, Francisco Araújo, decidiram, na manhã desta quarta-feira, suspender o retorno das atividades presenciais na rede pública. As instituições voltariam a receber estudantes a partir do dia 31 de agosto.
Na coletiva, o secretário de Educação pontuou que não é o momento para retorno das aulas porque “não cedeu a curva epidemiológica” da Covid-19. “Temos a possibilidade de, com mais segurança e proteção à vida, manter a aula remota e evitar que os estudantes sejam um vetor de circulação do vírus”, salientou.
Leandro Cruz ressaltou que a secretaria vai garantir melhor acessibilidade ao conteúdo. “Estamos discutindo a volta, inclusive, da teleaula pela televisão, que era um programa que a gente estava deixando um pouco de lado com a perspectiva da aula presencial”, frisou.
Sobre o fornecimento de internet gratuita para os estudantes, o titular da Secretaria de Educação disse que falta o cadastramento das operadoras. “Estamos em uma negociação com a Secretaria de Fazenda sobre a questão de isenção de ICMS. Estamos nas tratativas finais nesse sentido”, contou.
Cruz também deu informações sobre reformas e manutenções em escolas neste ano. Segundo o gestor, 204 escolas passaram por intervenções, das quais 80 tiveram reparos feitos durante a pandemia. O investimento, de acordo com o secretário, foi de R$ 87 milhões até agora.
Também participaram da coletiva de imprensa os secretários de Saúde, de Economia, André Clemente, de Governo, José Humberto, e da Casa Civil, Gustavo Rocha. O evento foi transmitido pelo Facebook e Twitter.
Entrega de máscaras
O secretário de Governo anunciou a entrega de mais 1 milhão de máscaras para a população. A distribuição será feita em terminais rodoviários e outros locais com grande número de pessoas. Segundo Zé Humberto, o Executivo local já forneceu 2 milhões de unidades.
“Esperamos que dentro de agosto e setembro a gente consiga fazer essa distribuição. Vamos atuar em blocos, priorizando as áreas de grande circulação de pessoas e, sobretudo, as mais carentes do DF”, afirmou.
Leitos
O secretário de Saúde disse que o Distrito Federal tem 730 leitos de UTI para pacientes com Covid-19 na rede pública e mais 240 nos hospitais particulares. Segundo Francisco Araújo, mais 40 leitos serão entregues no Complexo Penitenciário da Papuda, além de outros no Hospital de Campanha de Ceilândia.
“Não há falta de leitos aqui no Distrito Federal. As projeções que fizemos têm sido cumpridas no que diz respeito à lei. Temos uma das menores letalidades do país”, afirmou. O titular da Secretaria de Saúde pontuou, ainda, que a cobertura de atenção básica saltou de 43% para 93% durante a pandemia.
Na coletiva desta quarta-feira, Araújo anunciou uma mudança na divulgação do número de óbitos da Covid-19. De acordo com o secretário, é preciso observar as mortes ocorridas nas últimas 24 horas.
O gestor disse que a metodologia atual tem “desassossegado” a população. No modelo adotado até então, é divulgado o número de mortes confirmadas por Covid-19. Em alguns casos, os falecimentos ocorreram dias antes, mas só entraram no boletim após a validação de que o novo coronavírus foi o motivo do óbito.