“Prioridade serão as prerrogativas”, diz Cleber Lopes sobre OAB-DF

O Metrópoles entrevistou, nesta sexta-feira (25/10), Cleber Lopes, candidato a presidente da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF). Nas eleições de 2024, o advogado criminalista lidera a Chapa 10, Ordem com + Voz, do grupo tradicionalmente conhecido como “verdes”. Gisele Reis é a candidata a vice-presidente.

O postulante ao cargo de presidente da instituição prometeu adotar uma política de fortalecimento da advocacia, com central digital para registro e acompanhamento de denúncias de violações de prerrogativas.

“A prioridade número um é cuidar daquilo que é mais caro aos advogados: as prerrogativas profissionais. As reclamações são universais. Onde chegamos, são as mesmas: violação a elas e falta de cuidado de nossa entidade com isso. Vamos criar um observatório permanente, que vai andar pelo DF inteiro. Como presidente, quero saber quem violou e intervir pessoalmente”, ressaltou Lopes.

Cleber acrescentou que, caso uma conversa com os envolvidos não resolva o problema, a gestão vai procurar os órgãos de controle. “Estarei autorizado a tomar medidas nessas instâncias do Poder Judiciário. E farei isso de maneira tranquila, porque busquei o diálogo antes”, completou.

Assista à entrevista:

Qualificação de advogados

A Chapa 10 apresenta propostas baseadas em 10 compromissos: transparência, inclusão, diversidade, inovação, capacitação, apoio, defesa, cuidado, autonomia e valorização da advocacia.

O candidato também propõe investir na formação contínua dos advogados, com programas de capacitação que incluem cursos, palestras e workshops sobre temas contemporâneos.

Nesse eixo, Lopes quer criar o Programa de Intercâmbio de Aperfeiçoamento Profissional, que conectará advogados do DF com instituições e empresas internacionais, a fim de ampliar oportunidades de trabalho, como estágios, participação em eventos e conferências, além da troca de experiências sobre práticas e legislações locais.

“A falta de qualificação é um limitador para o ingresso do jovem advogado no mercado de trabalho. E a Ordem precisa fazer esse trabalho de convencimento, de trazê-lo para perto”, argumentou o criminalista.

Cleber também tem como proposta a criação de uma política de cuidado físico e mental dos profissionais, por meio de parcerias com empresas e instituições para atendimento presencial com psicólogos e psiquiatras, a fim de tratar quadros de estresse, ansiedade, depressão e burnout.

As propostas incluem, ainda, a ampliação de convênios com instituições financeiras para empréstimos do programa Meu Primeiro Escritório. Além disso, caso eleito, Lopes pretende garantir valores menores de taxas para jovens advogados. “Hoje, existe um incentivo para aqueles com até cinco anos de inscrição. Nós vamos, em cima do valor praticado hoje, aumentar esse incentivo e dar mais 25% de desconto. E, de seis a 10 [anos de inscrição], será de 25%”, frisou.

Outra promessa de Lopes é o apoio à ampliação da licença maternidade para advogadas, “promovendo um fundo que ofereça suporte financeiro durante o período de afastamento e de transição para retorno ao trabalho”. “Minha ideia é fomentar a Caixa de Assistência [dos Advogados] para que ela se torne, efetivamente, um braço social da advocacia”, afirmou.

Transparência e subseções

No quesito transparência, Lopes prometeu criar uma Diretoria de Compliance e reformular o Portal da Transparência da OAB-DF. O candidato também pretende fazer cortes no orçamento da instituição.

“Por exemplo, o custo com comunicação está elevado. Verificamos que, nos últimos dois anos, a OAB-DF aumentou 108% um rubrica de apoio técnico operacional. Ninguém sabe exatamente o que é isso. Fomos olhar no balancete, e há despesas com software, algumas providências que podem ser perfeitamente ser excluídas. Estimamos que vamos economizar, por ano, mais de R$ 3 milhões”, declarou.

Em relação às subseções, o candidato disse que quer descentralizar serviços que, atualmente, só estão disponíveis somente na sede da OAB-DF, na Asa Norte. “Temos uma chapa representativa de subseções”, argumentou Cleber.

Formação

A Chapa 10 tem Carolina Petrarca, Ricardo Peres e Thaís Riedel como candidatos ao Conselho Federal. Evandro Pertence, ⁠Manuellita Hermes e Eduardo Athayde são os suplentes.

Completam o grupo: Renata Nepomuceno e Cysne, como candidata a secretária-geral; Paulo Alexandre Silva, como secretário-adjunto; e Amaury Santos de Andrade, para a Tesouraria. Cecéu Elói é o candidato a presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Distrito Federal (CAA-DF).

Lopes tem o apoio de Célia Arruda de Castro, que, em 2015, foi candidata a vice-presidente de Délio Lins e Silva Júnior, do grupo dos “laranjas”. Na semana passada, o ex-presidente da OAB-DF Esdras Dantas também se uniu ao criminalista na disputa pelo comando da seccional.

O governador do Distrito Federal e ex-presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha (MDB), apoia a candidatura de Lopes. Apesar disso, o candidato declarou que não haverá intervenção dele na Ordem, caso a chapa seja eleita. “São circunstâncias da vida. Quis o destino que eu chegasse à condição de candidato à Presidência da seccional no momento em que o Ibaneis é governador”, comentou.

Quando questionado sobre o diferencial entre ele e os demais candidatos, Lopes afirmou que é o “advogado mais intenso”. “Sou, indiscutivelmente, o advogado com maior intensidade profissional. E o requisito para ser presidente da OAB é que o candidato seja verdadeiramente advogado. Sou o advogado mais intenso. Advogo da delegacia ao Supremo Tribunal Federal”, concluiu.