Mesmo com estágio em hospitais do DF, alunos de medicina e enfermagem não são vacinados
Centros acadêmicos de seis faculdades pediram ao secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, inclusão dos estagiários no plano de imunização
atualizado
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Alunos que estagiam em hospitais do Distrito Federal reivindicam vacinação contra a Covid-19. Mesmo trabalhando diretamente com pacientes, estudantes dos cursos de medicina e de enfermagem, por exemplo, estão fora dos grupos prioritários a serem imunizados.
Centros acadêmicos de medicina de seis faculdades públicas e privadas brasilienses e a Associação dos Estudantes de Medicina do Distrito Federal (Aemed-DF) pediram ao secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, a inclusão na vacinação prioritária de alunos em estágio curricular obrigatório e daqueles com atividades práticas regulares em unidades de saúde.
“É válido ressaltar que a descrição do Programa Nacional de Vacinação Contra a Covid-19, de acordo com o informe técnico divulgado pelo Ministério da Saúde, em 18 de janeiro de 2021, inclui todos os acadêmicos de medicina em estágio curricular obrigatório ou em contato com a atenção básica e clínica dos cursos da área da saúde”, destacam.
O requerimento é assinado por representantes dos alunos da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UniCEPLAC), Centro Universitário Unieuro (UniEURO), da Universidade Católica de Brasília (UCB) e Universidade de Brasília (UnB). O documento foi enviado na última sexta-feira (5/2).
As entidades informaram que 785 estudantes das instituições UniCeub, UniCeplac, da ESCS, UCB e UnB deveriam ser vacinados. No caso da UnB, contudo, estão excluídos da lista os internos do Hospital Universitário de Brasília (HUB), que já teriam sido imunizados.
Confira, na íntegra, o requerimento dos centros acadêmicos:
Repúdio
O presidente do Centro Acadêmico de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (Camescs), Clayton Oliveira, informou à coluna Grande Angular que 105 alunos de medicina e enfermagem estão em estágio curricular obrigatório. Essa etapa da formação ocorre nos dois últimos anos do curso de medicina e no último ano da graduação em enfermagem.
Em nota de repúdio emitida em 30 de janeiro, a entidade alegou que os estudantes, “mesmo atuando de maneira ímpar como profissionais de saúde, foram totalmente deixados de lado no plano de vacinação do Governo do Distrito Federal“.
“Eles estão expostos à infecção pela Covid-19 e em contato com pacientes, atuando nos prontos-socorros, UTIs e enfermarias dos hospitais, cumprindo uma carga horária que ultrapassa as 40h semanais”, pontuou.
O Camescs criticou a garantia da vacinação aos servidores das áreas administrativas que não atuam diretamente em hospitais e UBS, enquanto os estagiários que fazem atendimentos e têm contato com pacientes infectados ficaram de fora da imunização.
“O Centro Acadêmico de Medicina da ESCS reconhece o número limitado de doses e acredita que elas devem ser utilizadas de forma estratégica, visando proteger a maior parcela possível da população do DF – considerando suas vulnerabilidades e a exposição ao vírus. A vacinação de grupos sem contato com pacientes em detrimento de grupos em contato mostra-se incoerente com o discurso de vacinas limitadas”, assinalou.
A entidade disse que o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e o Hospital de Base se negaram a vacinar os estudantes, seguindo orientação da Secretaria de Saúde. No Hospital Regional de Sobradinho (HRS), 37 estudantes receberam a 1ª dose da imunização, mas a unidade hospitalar teria demonstrado intenção de não aplicar a 2ª dose, de acordo com o Camescs.
Confira, na íntegra, a nota de repúdio:
Presidente do Centro Acadêmico de Enfermagem da ESCS (CAEnf ESCS), Marina Andrade avaliou como preocupante a exclusão dos alunos nos grupos prioritários de imunização. Só do curso de enfermagem da instituição de ensino, há 64 estudantes em estágio obrigatório.
“Todas as séries estão em cenários de atividade prática, fornecendo assistência à população do DF e tendo contato direto com pacientes, o que aumenta o risco de contaminação como para qualquer outro profissional da saúde. Portanto, é direito nosso, estudantes, sermos incluídos no grupo prioritário, bem como nossos docentes”, pontuou.
Vacinação
Atualmente, podem receber vacina contra Covid-19 no DF: idosos com 79 anos ou mais; todos os servidores da ativa na rede pública de saúde; profissionais dos hospitais privados; idosos a partir de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência; pessoas com deficiência que moram em unidades de acolhimento e os cuidadores que atuam nesses locais.
Também são contempladas pessoas que vivem em terras indígenas, pacientes internados em home care, pacientes acompanhados pelo Núcleo Regional de Atendimento Domiciliar, trabalhadores dos serviços de Atenção Pré-Hospitalar (APH) e resgatistas do Corpo de Bombeiros.
Do primeiro dia da vacinação contra a Covid-19, em 19 de janeiro, até segunda-feira (8/2), a Secretaria de Saúde imunizou 101.133 moradores do Distrito Federal. O DF ocupa o primeiro lugar no ranking da campanha em relação às demais unidades federativas do Brasil, com mais de 3% da população vacinada.
O outro lado
A Secretaria de Saúde do DF informou que houve entendimento por parte de alguns gestores, em 19 de janeiro, para que os internos, tanto dos cursos particulares quanto públicos, entrassem no grupo prioritário de profissionais de saúde. “No entanto, após a circular do dia 20 e com a definição de público mais restrita, os internos não seriam contemplados nesta primeira fase”, detalhou.
De acordo com a pasta, receberão a segunda dose todos os estudantes que, em razão da primeira decisão, foram vacinados. “A pasta esclarece que entende a preocupação dos internos, no entanto, o número de doses recebidas do Ministério da Saúde é pequeno e, por isso, é necessário priorizar aqueles grupos em que a doença se apresenta com quadro clínico mais grave e uma probabilidade de óbito maior, o que é o caso dos idosos”, ressaltou.
“A ampliação do público-alvo para vacinação depende do número de doses que o Ministério da Saúde irá disponibilizar ao DF e de quando ocorrerá a entrega de nova remessa”, concluiu.
O CEUB disse que “está seguindo as recomendações do Ministério da Saúde com os protocolos sanitários para as aulas, pois temos como prioridade a segurança e saúde dos nossos alunos”.
“Esclarecemos ainda que acionamos a Secretaria de Saúde sobre o requerimento, e a resposta que obtivemos é que as definições do calendário de imunização é de responsabilidade do Plano Nacional de Imunização, seguindo uma lista de prioridades, incluindo os alunos de Medicina do CEUB com estágio em campo”, afirmou.