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Mercado trilionário islâmico atrai 105 empresas brasileiras para Dubai

Maior feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio, a Gulfood reúne milhares de vendedores e compradores, inclusive o público islâmico

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Fotografia de árabe de costas
1 de 1 Fotografia de árabe de costas - Foto: Isadora Teixeira/Metrópoles

Enviada especial a Dubai – Mercado que impõe costumes religiosos no processo de produção de alimento, o islâmico é o alvo de 105 empresas brasileiras que expõem seus produtos na Gulfood 2023, em Dubai, durante o Carnaval no Brasil.

O interesse é justificado pela movimentação trilionária do mercado. Em 2021, a venda de comida e bebida para os islâmicos movimentou US$ 1,2 trilhão em todo o mundo, segundo o relatório da Economia Global Islâmica.

O diretor-geral da Halal Trade and Marketing Centre (empresa especializada em desenvolvimento da economia islâmica), Tomas Guerrero, disse que a previsão é que o mercado movimente US$ 1,6 trilhão em 2025. Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne para este público.

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O Brasil exportou o equivalente a US$ 13 bilhões em 2022
Brasil é representado por 105 empresas na Gulfood, que ocorre em Dubai
O CEO da Shan Jabal,  Cyro Cavalcante, empresa que produz e vende o fertilizante 7 Rocks
Presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli
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Empresa brasileira é a única com fertilizante que tem certificado halal, essencial para venda ao mercado islâmico

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O Brasil exportou o equivalente a US$ 13 bilhões em 2022

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Brasil é representado por 105 empresas na Gulfood, que ocorre em Dubai

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O CEO da Shan Jabal, Cyro Cavalcante, empresa que produz e vende o fertilizante 7 Rocks

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Presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli

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Para vender aos seguidores do Islã, é preciso obter um certificado internacional chamado halal. Ele exige, por exemplo, que um abatedouro evoque o nome de Deus no ato da degola, em forma de agradecimento pelo alimento, e faça o abate animal de forma rápida, para que não haja sofrimento.

Em Dubai, nesta terça-feira (21/2), a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) fizeram um workshop para explicar a empresários brasileiros como é o processo de obtenção do certificado halal.

Durante o evento, o CEO da Câmara, Tamer Mansour, disse que um programa da CCAB e da ApexBrasil de três anos vai incentivar empresas de segmentos que não trabalham com carne a também ingressarem no mercado islâmico. “Vamos bater às portas das empresas e ajudá-las a apresentar ao mundo o que é o halal do Brasil fora das proteínas”, afirmou.

A gerente do Agronegócio da ApexBrasil, Paula Soares, disse que a comunidade islâmica está presente em todo o mundo, não somente no Oriente Médio. “Existe uma população islâmica extensa em diferentes países do mundo. E a gente entende como essa certificação halal pode ser o diferencial competitivo para as empresas”, pontuou.

De acordo com o relatório da Economia Global Islâmica, a Indonésia consumiu US$ 147 bilhões em produtos e serviços halal. O país liderou o ranking dos maiores consumidores do mercado.

Até o fertilizante

O empresário brasileiro Cyro Cavalcante vende a 30 países o único fertilizante com certificado halal do mundo, o 7 Rocks, há 25 anos. Cavalcante, que é CEO da empresa Shan Jabal, disse ao Metrópoles que obteve o certificado raro após provar redução de mais de 50% de fungicidas e pesticidas no produto.

Com o fertilizante certificado, a empresa passou a produzir um café gourmet que é vendido para os islamitas fora do Brasil, desde 2017.

“Passamos quatro anos fazendo protocolos técnicos e provamos, em mais de 100 culturas diferentes, que conseguimos reduzir, no mínimo, 50% dos fungicidas e pesticidas. Para o mercado islâmico, isso significa que o produtor e quem está consumindo são mais abençoados por ingerir menos agrotóxico”, disse o empresário.

A empresa vende em torno de US$ 10 milhões em fertilizante, no período de um ano, e US$ 2 milhões em café. A bebida típica brasileira, apesar de ser produzida no país, não é vendida no Brasil por causa do custo, segundo Cavalcante.

A Shan Jabal, que tem fábrica em Dubai, é uma das 105 empresas brasileiras que expõem produtos na Gulfood com objetivo de expandir os negócios no Oriente Médio.

Carne

Em 2022, o Brasil vendeu o equivalente a US$ 13 bilhões em carne vermelha para todo mundo, segundo o presidente da Associação Brasileira das Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. Aos Emirados Árabes foram exportadas 58 toneladas, no ano passado.

Camardelli disse que as exigências do mercado halal foram incorporadas à pecuária brasileira também para exportação a países que não cobram o certificado, porque as práticas agregam mais qualidade ao produto.

“Todos os países muçulmanos têm essa exigência do ritual halal. Só que as características do halal e de outras religiões são consideradas um upgrade na manutenção da qualidade do produto. O halal é uma característica religiosa e um componente de qualidade. A Abiec consegue atender a todos os mercados com tranquilidade”, afirmou.

Gulfood

Dubai sedia a Gulfood 2023, maior feira de negócios de alimentos e bebidas do Oriente Médio, entre os dias 20 e 24 de fevereiro. No total, 5 mil empresas de 120 países expõem produtos no evento.

O Brasil é representado na Gulfood por 105 empreendimentos de setores como carne, café e açaí. Segundo a ApexBrasil, que apoia a participação brasileira na Gulfood, a expectativa é que o volume negociado durante a Gulfood pelos empresários brasileiros chegue a US$ 4,5 bilhões.

O mercado árabe é de grande interesse do Brasil. No ano passado, as exportações brasileiras para o Oriente Médio representaram US$ 17,18 bilhões, 5,14% de todas as vendas externas do país.

No ano passado, o Brasil vendeu 445 mil toneladas de frango para os Emirados Árabes – onde fica Dubai – o que representou US$ 953 milhões (aproximadamente R$ 4,92 bilhões) para o setor.

O Metrópoles está em Dubai, a convite da ApexBrasil, para conhecer a representação brasileira na Gulfood.

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