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Luiz Estevão e Liliane Roriz discutem partilha de cargos da Câmara

Em novos trechos de áudios gravados por Liliane Roriz, o ex-senador cobra dela os acertos de campanha, como cargos na estrutura da Casa

atualizado

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1 de 1 liliane roriz - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Novos áudios revelados nesta quarta-feira (7/9) pelo DFTV, mostram outro trecho da conversa entre o ex-senador Luiz Estevão e a deputada distrital Liliane Roriz (PTB). Os dois discutem sobre a divisão de cargos na Câmara Legislativa (CLDF). Em abril do ano passado, quando ocorreu o encontro, Liliane era filiada ao PRTB — partido comandado por Luiz Estevão no Distrito Federal. No mesmo diálogo, o empresário lembra à deputada que investiu pesado e tirou dinheiro do próprio bolso para elegê-la.

Embora o ex-senador tenha sido decisivo para a eleição de Liliane, eles começaram a ter problemas quando a deputada deixou de cumprir os acordos de campanha e passou a não mais atender as indicações de Luiz Estevão. Os dois, então, romperam. E Liliane incluiu o empresário na lista de seus desafetos e alvos de suas escutas clandestinas.

Foi nesse contexto que a distrital convidou Luiz Estevão para uma conversa em sua casa no Lago Sul, preparada para grampeá-lo. O ex-secretário-geral da CLDF Valério Neves também esteve presente no encontro, que durou cerca de três horas, das quais duas horas foram gravadas.

No diálogo em questão, Liliane pede paciência ao ex-senador. “Calma, Luiz. Espera eu ajeitar as coisas que eu vou te atender naquilo que você precisar”, falou. Estevão, então, respondeu referindo-se a um genro: “Aquele trabalho para ele, eu te digo por que ele tá trabalhando ali. Eu não podia chegar e tirar R$ 15 mil do meu bolso e dar para ele? Não é a mesma coisa, você sabe disso”.

O ex-senador, que atualmente cumpre pena na Papuda, prosseguiu: “Não vou chegar e dar uma mesada para o cara. Nem vou botar ele trabalhando na minha empresa. Ele trabalhando na Câmara Legislativa é um outro cenário. Você entendeu?”.

Em outro momento, eles discutem, aparentemente, a divisão de cargos na Câmara Legislativa. Os três mencionam a “bancada da fatura”. Fariam parte dela Robério Negreiros (PMDB), Leonardo Prudente (PMDB) e Cristiano Araújo (PSD). Embora Liliane cite Leonardo Prudente, quem está no exercício do mandato é o filho dele Rafael Prudente (PMDB). Em comum, os três distritais têm o fato de suas famílias serem donas de empresas que mantêm contratos com o Governo do Distrito Federal (GDF). E usarem seus cargos como braços políticos de seus negócios.

Luiz Estevão é mais um alvo de uma lista ainda não estimada de políticos e empresários que foram grampeados por Liliane Roriz. As primeiras conversas divulgadas atingiram a presidente afastada da Câmara Legislativa Celina Leão (PPS), que a partir dos grampos tornou-se alvo da Operação Drácon, que investiga o desvio do dinheiro de emendas da saúde. Além dela, outros distritais citados nas conversas, que integravam a Mesa Diretora da Casa, também são investigados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Enfraquecida politicamente depois de eleger-se na 11ª colocação entre os 24 distritais, sem o apoio do pai muito adoentado, brigada com a irmã Jaqueline Roriz, isolada pelos pares na Câmara Legislativa e prestes a ser julgada em segunda instância na ação que lhe condenou por lavagem de dinheiro e improbidade administrativa, Liliane Roriz resolveu reagir com um arsenal de áudios secretos colecionados ao longo de quase dois anos de gravações.

A assessoria de imprensa da deputada Liliane Roriz (PTB) disse ao Metrópoles que, quando ela foi eleita pelo PRTB, teve de obedecer ao estatuto do partido que exigia cargos aos distritais eleitos na Câmara Legislativa. Sendo assim, Liliane alegou que coube à presidência do PRTB a indicação dos nomes que ocupariam os cargos na Casa.

Entre os quais estava o nome de Luiz Carlos Soares de Carvalho, genro do ex-senador Luiz Estevão. De acordo com Liliane Roriz, ele foi exonerado em março, logo após a saída dela do PRTB. Em abril deste ano, Luiz Carlos foi nomeado como assessor legislativo com um CNE 1 (R$ 16.596,76) no gabinete da deputada Telma Rufino, onde trabalha até hoje.

Desde o dia 15 de agosto, quando se internou para fazer uma cirurgia de diverticulite, Luiz Carlos está de atestado médico. Procurado pelo Metrópoles, ele disse que dá expediente todos os dias na Câmara Legislativa, onde é responsável pela elaboração dos projetos de lei de autoria de Telma Rufino. “Sou advogado, pós-graduado em Direito Tributário pela Fundação Getúlio Vargas, trabalhei durante anos na CNI elaborando projetos de lei, agora estou na Câmara. Se estive ausente nas últimas semanas foi para tratar de um grave problema de saúde, devidamente justificado e documentado”, afirmou.

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