Lira envia ao Conselho de Ética representação contra deputada do PSol
A deputada federal Fernanda Melchionna chamou a família Bolsonaro de “familícia” e disse que os filhos do ex-presidente são “bandidos”
atualizado
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), encaminhou ao Conselho de Ética a representação do PL contra a deputada federal Fernanda Melchionna (PSol) por quebra de decoro parlamentar. O PL pede a perda do mandato da deputada federal por chamar a família Bolsonaro de “familícia” e xingar os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro de “bandidos”.
Lira despachou ao Conselho de Ética, na última quarta-feira (27/3), o documento assinado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Caberá ao colegiado dar andamento ou arquivar a denúncia.
A representação trata da participação da deputada federal na sessão da Comissão de Segurança Pública do dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, Fernanda se posicionou contra o projeto que inclui o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na lista de organizações consideradas terroristas.
Veja:
A parlamentar disse que a lista era “escandalosa” e excluía “os escritórios do crime” e “matadores de aluguel que já mataram centenas de pessoas recebendo rios de dinheiro, inclusive, tinham amizade com o chefe dessa turma aqui da comissão, que é o Bolsonaro, que deu medalha, presente e homenageou um dos maiores bandidos do escritório do crime”.
A deputada afirmou que a lista não citava as milícias por “conivência”. “Não falar não é só pelo silêncio, é, também, por uma conivência com essas organizações criminosas que, quando começaram, tiveram amplo apoio da extrema-direita brasileira que teve de silenciar diante dos crimes organizados por essas organizações criminosas que, ainda hoje, têm amizade e relações políticas com a familícia ou a família Bolsonaro e seus filhos bandidos”, declarou.
Os filhos do presidente: quem são os integrantes do clã Bolsonaro
Deputados da Comissão de Segurança se revoltaram com o posicionamento da parlamentar. O então presidente do colegiado, deputado Sanderson (PL-RS), disse que não iria “aceitar isso aí” e pediu para a parlamentar retirar a palavra “bandidos”.
O deputado Coronel Meira (PL-PE) disse que foi chamado de bandido pela parlamentar, que negou. “Isso não é verdade. O Coronel Meira começou a me atacar fora do microfone enquanto eu falava. A única coisa que eu falei fora do microfone foi que eu não tenho medo de bandido. Não chamei o Coronel Meira de bandido, não chamei ninguém de bandido, a não ser os filhos bandidos. É uma história de crimes, com relação com a milícia, enfim, escandalosa da família Bolsonaro”, afirmou Fernanda.
Segundo o PL, a parlamentar do PSol também chamou o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) de “patético” e “coadjuvante”.
Na representação, Valdemar disse que “a denominação de ‘bandido’, ‘patético’ e ‘coadjuvante’, bem como a infundada acusação de ligação de parlamentares e de sua família com organizações criminosas, constituem uma ofensa à dignidade e ao decoro e ferem gravemente a honra e a reputação dos deputados”.
“A representada, que não é membro da Comissão, permaneceu na reunião apenas para usar o tempo de fala de líder, proferindo as ofensas contra os membros do Poder Legislativo, não retificou suas palavras após a recomendação do presidente Sanderson, todavia as reforçou, demonstrando notadamente não estar arrependida da sua fala e evidenciando sua clara intenção injuriosa”, diz trecho da representação.
O que diz a deputada
Fernanda disse à coluna Grande Angular que “a representação do PL é patética”. “Jair Bolsonaro e seus quatro filhos estão, ou estiveram, todos envolvidos em investigações por diversos crimes. Lavagem de dinheiro, tráfico de influência, ‘rachadinha’, roubo de joias, falsificação de carteira de vacinação, tentativa de golpe de Estado, etc. A lista é imensa”, afirmou.
“Além disso, há fortes indícios da ligação da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro. Como por exemplo, o fato de que a ex-mulher e a mãe do miliciano Adriano da Nóbrega receberam salários do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro”, enfatizou a deputada.
Segundo a parlamentar, “a representação do partido é só mais uma tentativa de intimidar aqueles que têm a coragem de enfrentá-los”. “Mas não nos intimidarão. Vamos lutar pelo nosso mandato no Conselho de Ética e seguiremos denunciando os crimes da família Bolsonaro”, declarou.