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Justiça do DF manda soltar Robson Cândido, acusado de perseguir a ex

A Justiça revogou, nesta quarta (29/11), a prisão preventiva do ex-delegado-geral da PCDF. Robson terá de usar tornozeleira eletrônica

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Robson Cândido da Silva, ex-diretor-geral da PCDF
1 de 1 Robson Cândido da Silva, ex-diretor-geral da PCDF - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

A Justiça do Distrito Federal revogou, nesta quarta-feira (29/11), a prisão preventiva do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido, em decisão liminar. O delegado aposentado terá de usar tornozeleira eletrônica.

Cândido é acusado de usar a estrutura da corporação para perseguir uma mulher com a qual manteve relacionamento amoroso. O ex-diretor-geral da PCDF foi preso no último dia 4 de novembro, em operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

A pedido do advogado do ex-delegado-geral da PCDF, Cleber Lopes, o relator do caso na 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Waldir Leôncio Cordeiro Lopes Júnior, revogou a prisão de Robson.

O magistrado considerou que não há mais perigo concreto na liberdade de Robson, já que ele se aposentou do cargo de delegado após a jovem registrar boletim de ocorrência. Portanto, não teria acesso aos mesmos instrumentos da corporação utilizados para persegui-la.

Cleber Lopes disse que “a decisão tomada pelo relator está em sintonia com a jurisprudência, de modo que não há nada de extraordinário”. “Por outro lado, é preciso lembrar que a prisão antes da condenação definitiva é sempre excepcional, notadamente diante da previsão legal de medidas alternativas”, enfatizou.

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Entenda

De acordo com a ação movida pelo MPDFT, a perseguição de Robson com viaturas oficiais foi registrada pela vítima em ao menos outra ocasião. Por causa da placa dos veículos, promotores conseguiram comprovar que os automóveis utilizados por Robson pertenciam à PCDF.

O ex-delegado-geral, inclusive, surpreendeu a amante na delegacia enquanto ela tentava denunciá-lo. Após a situação, conforme consta no processo, a vítima passou a desconfiar de que Cândido estaria utilizando ferramentas da polícia para conseguir saber o paradeiro dela em tempo real, uma vez que “ele passou a ‘encontrá-la’ pelo trânsito e em locais que estava visitando”.

O delegado Thiago Peralva teria inserido de forma irregular o telefone da jovem no âmbito de um inquérito de investigação sobre tráfico de drogas para que Robson conseguisse monitorar a mulher.

Uma série de vídeos mostra o ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido perseguindo uma jovem. O caso foi denunciado pela jovem de 25 anos ao MPDFT. De acordo com os promotores, ela teria tentado encerrar o relacionamento em diversas ocasiões, mas foi perseguida de forma contínua por Robson.

Os vídeos obtidos pelo Metrópoles – que até então eram citados na denúncia do MPDFT contra Robson, mas só vieram à tona em 18 de novembro – revelam como agia o ex-chefe da PCDF. Esse material integra o acervo de mídias da investigação.

Uma das imagens é do dia 22 de agosto de 2023, no trajeto entre Águas Claras e Taguatinga, onde a jovem morava. Na ocasião, ela filmou o episódio e narrou que o carro atrás do dela era uma viatura da PCDF, dirigida por Robson. Angustiada, ela diz: “Mais uma vez o Robson me perseguindo, em outra viatura. Meu Deus, que inferno!”.

Em seguida, a mulher afirma que iria parar no posto da polícia. Veja o vídeo:

Em uma outra imagem, gravada no dia anterior, Robson perseguiu a jovem no trânsito, em Águas Claras. Ele aparece em uma caminhonete branca. Assista:

Antes das perseguições no trânsito, em 9 de agosto, Robson teria ido até a casa da jovem e entrado, sem a permissão dela. Um vídeo mostra a mulher conversando com ele por meio da porta do quarto. Ela questiona: “O que você tá fazendo aqui? São 8 horas da manhã”.

Em seguida, a jovem pede para ele ir embora: “Não precisa me deixar em lugar nenhum. Tem como você ir embora?”. Veja:

Robson foi delegado-geral da PCDF por 4 anos e 9 meses. Ele deixou a corporação após ser denunciado pela jovem com quem teve relacionamento, em 2 de outubro.

No dia 29 de setembro, a jovem procurou a 27ª Delegacia de Polícia. Na ocasião, ela queria denunciar o delegado, mas foi surpreendida com a presença dele no local.

“Compareci aqui hoje, na 27ª DP, para registrar uma ocorrência contra o Robson, a respeito das perseguições que ele está fazendo comigo. Misteriosamente, ele apareceu dentro da sala do delegado, sabendo que eu estava aqui, me perseguindo, coagindo, me intimidando. Chegou mesmo a gritar comigo, dentro da delegacia de polícia”, disse a jovem no vídeo, que também faz parte da apuração contra o ex-delegado-geral da PCDF. Veja:

Ele é suspeito de quebrar a medida protetiva obtida pela vítima, ao supostamente mandar uma mensagem para ela de um número desconhecido.

“Só te perguntar um assunto. Desbloqueia”, teria pedido Robson, em mensagem enviada no dia 11 de outubro. Veja:

Print de mensagem de celular
Robson teria mandado mensagem para jovem após concessão de medida protetiva para a vítima

Robson Cândido responderá por crimes como stalking e grampo ilegal. Os promotores concluíram que o delegado aposentado usou sistemas restritos das forças de segurança para perseguir uma mulher com quem teve um relacionamento.

Nas investigações, os promotores afirmaram que Robson Cândido teria mantido o grampo mesmo após deixar o cargo máximo da corporação.

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