Justiça Federal manda soltar seis presos da Operação Circus Maximus
Eles, entretanto, não podem manter contato com os demais investigados pelo Ministério Público Federal (MPF)
atualizado
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O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, determinou a soltura de seis pessoas que foram detidas na última terça-feira (29/1) no âmbito da Operação Circus Maximus, que investiga a existência de suposto esquema criminoso dentro do Banco de Brasília (BRB).
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), deferiu liminar de revogação da prisão preventiva de Nilban de Melo Júnior, ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores do banco; Marco Aurélio Monteiro de Castro, Andreia Moreira Lopes, Carlos Vinícius Raposo Machado Costa, Dilton Castro Junqueira Barbosa e Diogo Cuoco.
O magistrado estabeleceu medida cautelar de proibição de contato entre eles e outros investigados pela operação. Em sua decisão, Ney Bello justificou que os diretores da instituição foram destituídos do cargo que ocupavam e, por isso, não representavam mais ameaça à investigação, conforme relatou o Ministério Público Federal (MPF).
“Demais, a autoridade apontada coatora deixou de demonstrar quais seriam os elementos concretos que a levaram a entender que, soltos, os pacientes continuarão cometendo crimes. Há apenas suposições nesse sentido, nenhum indício sequer foi apontado na decisão”, destaca o texto.
Ao todo, foram expedidos 14 mandados de prisão. Entre os que continuam detidos, estão ex-integrantes da cúpula do BRB, na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), como o ex-presidente Vasco Cunha Gonçalves e o ex-conselheiro da instituição Ricardo Luiz Peixoto Leal.
Ricardo Leal é apontado, pelos 11 procuradores da República que assinam peça do Ministério Público Federal (MPF), como o líder da organização criminosa que dilapidou o BRB. Ele assumiu a função em 2015 e deixou o cargo no dia 11 de fevereiro de 2017, logo após vir a público disposição do operador Lúcio Funaro em fazer delação, já que estava preso preventivamente desde julho de 2016.
A operação Circus Maximus apura transações suspeitas no BRB. São citados na ação os empreendimentos do Edifício Praça Capital, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA); do LSH Lifestyle Hotel, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro; e a reestruturação da dívida do jornal Correio Braziliense, que tem sede no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).
O MPF apontou, com base na diligência da força-tarefa da Greenfield, a existência de esquema criminoso instalado na cúpula do BRB que movimentou, segundo investigadores, R$ 400 milhões da instituição financeira – que tem 96,85% das ações ordinárias controladas pelo Governo do Distrito Federal.
Os procuradores estimam que atividades fraudulentas movimentaram mais de R$ 40 milhões em propinas. De acordo com o MPF, os suspeitos “organizaram uma indústria de propinas e favorecimentos para investimentos em detrimento do procedimento técnico e da boa gestão que se espera das instituições financeiras”.
Quem é quem
Segundo as delações de Lúcio Bolonha Funaro e Ricardo Siqueira Rodrigues aos procuradores que investigam o caso, Marco Aurélio Monteiro de Castro é um dos indicados para o BRB por Ricardo Leal. Cunhado de Vasco Gonçalves, Castro assumiu a Diretoria de Controle.
Dilton Castro Junqueira, de acordo com o MPF, foi o nome da Brasal Incorporações à frente do consórcio formado com a Odebrecht (Marco Benito Siqueira) no empreendimento SIA/Praça Capital. Teria pago propina a diretores BRB/DTVM.
Carlos Vinícius Raposo, conforme apuração dos procuradores, também atuava na BRB/DTVM desde 2014, liderando a distribuidora de ativos do banco. Andreia Moreira Lopes era diretora de Recurso de Terceiros do BRB/DTVM.
Nilban de Melo Júnior, anotou o MPF, “foi alçado à vice-presidência por indicação de Ricardo Leal” e teria participado “da negociata de vantagens indevidas para investimento no FIP LSH”.