Juíza comunicou a Moraes tentativa de “interferência” sobre local da prisão de Torres
Relatório da Vara de Execuções Penais cita contato de corregedor da PMDF sobre questionamento a respeito do local onde Torres está preso
atualizado
Compartilhar notícia
A juíza da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, Leila Cury, informou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes uma “tentativa de interferência externa” na escolha do local onde o ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, seria preso.
Por determinação da VEP, Anderson Torres está detido no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop), localizado dentro do 4ª Batalhão da Polícia Militar do DF (PMDF).
O ex-secretário foi detido assim que desembarcou de voo oriundo dos Estados Unidos, no sábado (14/1), por ordem do ministro do STF. No mesmo dia, a VEP emitiu um relatório de providências, em que informou ter sido comunicada pela Polícia Federal, às 9h50, que Anderson Torres já estava no Bavop.
Exatos 19 minutos depois, segundo o relatório, o corregedor da PMDF entrou em contato com a assessoria da VEP para informar que havia um questionamento do gabinete “do interventor federal” quanto à alocação de Anderson Torres na unidade da corporação.
Às 11h, a juíza Leila Cury disse ter determinado que fosse dada ciência ao juiz instrutor do gabinete do ministro do STF, identificado como Dr. Airton, sobre “os fundamentos da alocação de Anderson Torres” e, ainda, que fosse comunicada a Alexandre de Moraes “a tentativa de interferência externa em matéria relacionada a reserva de jurisdição”.
Veja trecho do relatório da VEP:
O relatório não especifica de quem, exatamente, teria partido a tentativa de interferência. Em nota, a VEP-DF explicou que somente ela “tem competência legal, em primeira instância, para determinar a alocação de presos nos presídios do DF, sejam provisórios ou definitivos, com e sem vínculo com a Justiça local”.
Segundo a VEP-DF, todas as decisões dos presos relacionados aos atos antidemocráticos e de vandalismo de 8 de janeiro estão sendo encaminhadas ao ministro Alexandre de Moraes, que tem “competência para revisar e, se o caso, mudar como entender cabível”.
Após ser ministro no governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres foi nomeado secretário de Segurança do DF em 1º de janeiro e, ao assumir o cargo, desmontou as equipes que monitoravam os grupos golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
Ainda durante os atos terroristas provocados por bolsonaristas extremistas, o governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerou Torres do comando da pasta distrital. Posteriormente, o próprio chefe do Executivo local também foi afastado de seu cargo, por 90 dias.