Jacarezinho: 60 parentes de jovens assassinados cobram indenização do Estado
Operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, chacina do Jacarezinho deixou 28 mortos, em maio de 2021
atualizado
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Um grupo de 60 parentes de 14 vítimas da chacina do Jacarezinho entrou na Justiça com ações para pedir indenizações do Estado. Em 6 de maio de 2021, 28 pessoas foram assassinadas na operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.
Os familiares de 14 das vítimas pediram reparação ao apontar irregularidades na operação e descumprimento a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringia operações policiais em comunidades a casos excepcionalíssimos.
Advogado dos autores das ações, João Tancredo afirmou que “tudo da decisão foi descumprido no Jacarezinho”. “A operação não foi excepcional, pois o único objetivo era o cumprimento de 21 mandados de prisão; não foi cuidadosa, uma vez que foram 28 mortos em nove horas de operação; e não foi imediatamente justificada, pois o Ministério Público foi comunicado da operação três horas depois de iniciada”, elencou.
As ações indenizatórias pedem direito ao tratamento adequado dos corpos das vítimas. Testemunhas afirmaram que algumas vítimas, depois de mortas, foram retiradas da favela por policiais em um carrinho, segundo a defesa dos parentes dos jovens. Depois, tiveram mãos e pés amarrados e os corpos lançados em um “caveirão” — como é conhecido o camburão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar —, dentro de onde ficaram empilhados.
Os pedidos de indenização variam de R$ 100 mil a R$ 500 mil, pelo dano causado devido às execuções. Em razão dos prejuízos decorrentes da violação dos direitos à investigação apropriada e ao tratamento adequado dos corpos, as famílias requerem pagamento de R$ 50 mil e R$ 100 mil, respectivamente.
Os parentes que dependiam das vítimas pedem pensões que vão de um salário mínimo até R$ 3 mil, além de custeio de tratamentos de saúde mental.
Os autores dos pedidos de indenização são familiares de: Cleyton da Silva Freitas de Lima, Diogo Barbosa Gomes, Guilherme de Aquino Simões, Isaac Pinheiro de Oliveira, Jonas do Carmo Santos, Marlon Santana de Araújo, Márcio da Silva Bezerra, Mateus Gomes dos Santos, Maurício Ferreira da Silva, Natan Oliveira de Almeida, Richard Gabriel da Silva Ferreira, Rodrigo de Paula de Barros, Toni da Conceição e Wagner Luiz de Magalhães Fagundes.