Iphan fala em “degradação” estética do Itamaraty e cobra reforma
Em vistoria, instituto identificou desgaste e rasgos nos tecidos que cobrem as paredes do palácio. Alguns itens nunca foram trocados
atualizado
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Tecidos que revestem paredes do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, estão degradados. É o que aponta laudo elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), assinado em 13 de fevereiro de 2020.
O documento, resultado de uma vistoria realizada em 28 de janeiro, diz que há “degradações que comprometem tanto a dimensão física quanto a estética”. E destaca 12 problemas, entre eles, rasgos, perda de partes do tecido, perfurações por objeto pontiagudo, sujeira superficial, manchas, espuma e madeira à mostra, além de fios soltos.
Os técnicos visitaram ambientes entre o Palácio do Itamaraty e o Anexo I. São eles: auditório; salas Bahia, Rio de Janeiro, Dom Pedro II e San Tiago Dantas; corredores do gabinete do ministro e do secretário-geral; e o Anexo II, o Bolo de Noiva.
Alguns dos tecidos foram substituídos há 30 anos, mas há itens que são originais da época da construção do monumento, segundo o laudo. Edifício tombado, o Palácio do Itamaraty foi inaugurado em 1970.
As causas das degradações são diversas, como ação do tempo, das condições climáticas locais e da exposição à luz natural. Mas também influenciou no desgaste a ação humana, que resulta, por exemplo, em perfurações, manchas e escorridos de tinta ou aplicação de produtos de limpeza.
Os problemas são apresentados em maior ou menor grau em todos os ambientes do Palácio do Itamaraty e no Anexo, segundo o Iphan. No laudo, o órgão registrou que é “imprescindível a contratação de um projeto de intervenção no qual serão apontadas as alternativas de restauração ou de substituição de partes, a partir de critérios técnicos e teóricos adequados à situação”.
O órgão frisou que é preciso considerar a importância histórica e estética dos revestimentos em tecido porque eles constituem “parte indissociável da edificação”.
Durante a visita ao Palácio do Itamaraty, representantes do Iphan tiraram foto de um carrinho de limpeza próximo de uma parede revestida com tecido. E alertaram que a situação pode resultar em danos para os bens, como manchas, rasgos e abrasões.
“O simples manuseio e a aplicação de produtos e materiais inadequados podem contribuir para a instalação de processos de degradação que podem prejudicar tanto a estrutura quanto a aparência dos componentes. Daí a importância de uma atividade educativa voltada para a prevenção de danos ao monumento e seu valiosíssimo acervo”, disse.
No auditório, as poltronas estão perdendo a espuma de enchimento dos assentos. “Encontra-se ressecada e quebradiça, o que está gerando a perda de pequenos fragmentos pela parte inferior dos assentos”, pontuou.
Em nota, o Itamaraty disse que o laudo decorre de visita técnica solicitada pelo Ministério das Relações Exteriores. O Iphan confirmou a informação.
Confira as imagens inseridas no laudo: