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Igor Tokarski nega ter favorecido sócios do Na Praia

“Diálogos sem a minha participação, dos quais não tenho qualquer responsabilidade e dos quais nunca tive conhecimento”, afirmou ex-gestor

atualizado

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Igor tokarski
1 de 1 Igor tokarski - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O ex-secretário de Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal (GDF) Igor Tokarski se manifestou sobre o conteúdo das escutas telefônicas feitas pela Polícia Civil com autorização judicial no âmbito da Operação Praia de Goa. As transcrições dos diálogos embasaram a decisão do juiz André Ferreira de Brito, que autorizou a busca e apreensão na casa do ex-gestor, na última terça-feira (16/10).

Como revelou a Grande Angular, a Justiça viu indícios da mistura de interesses privados com os públicos envolvendo os sócios da R2 Produções, responsável pelo Na Praia. A investigação apura a concessão de benefício de R$ 3,7 milhões do GDF aos empresários.

Em nota, Tokarski disse que sua postura enquanto agente público sempre foi de “total lisura e honestidade” e quem o conhece sabe de seu “esforço e sacrifício em favor de nossa cidade”. O ex-secretário afirmou estar “perplexo com a situação” e desconhecer “completamente o fundamento das medidas e fatos veiculados”.

A relação entre Tokarski e os produtores é detalhada na decisão do juiz André Ferreira de Brito, da 2ª Vara Criminal de Brasília. O magistrado ressalta o “vínculo pessoal e financeiro” entre os investigados. Brito autorizou a investida de agentes da Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor) na casa de Tokarski, na Asa Sul, para recolher aparelhos eletrônicos e documentos.

Sobre as conversas transcritas na peça judicial, Tokarski afirmou que “é importante esclarecer que tudo o que se afirma é extraído de diálogos sem a minha participação, dos quais não tenho qualquer responsabilidade e dos quais nunca tive conhecimento”.

Doação e empréstimo de viatura
Conforme revelou a coluna, os diálogos apontam que o ex-secretário – o qual se desincompatibilizou do posto para concorrer ao cargo de deputado distrital pelo PSB, partido do governador Rodrigo Rollemberg – teria pedido aos sócios da produtora uma ambulância emprestada. A viatura seria utilizada durante o evento de lançamento da candidatura de Tokarski, realizado em 26 de junho.

Outro fator que liga o ex-secretário à R2 Produções é uma doação de R$ 30 mil feita neste ano por Rafael de Araújo Damas, um dos donos da empresa, para a campanha de Tokarski à Câmara Legislativa. A transação bancária foi efetuada cinco dias antes da Operação Praia de Goa, deflagrada em 18 de setembro.

Na decisão judicial, conforme o magistrado relata, Rafael falou a um interlocutor que “teria realizado doação de campanha ao representado [Igor Tokarski], o qual já teria lhe ajudado muito”. O investimento não ajudou o ex-gestor a se eleger: com 7.453 votos, Tokarski foi eliminado da disputa pelo parlamento distrital.

Igor Tokarski se manifestou sobre o dinheiro investido pelo empresário em sua candidatura: “Quanto à doação eleitoral que recebi, devo esclarecer que toda a minha campanha foi realizada sem nenhum repasse de dinheiro público de fundos partidários ou eleitorais, contando apenas com as contribuições de familiares e amigos que acreditam em mim e nas minhas ideias, e todas foram devidamente declaradas e contabilizadas perante a Justiça Eleitoral, com total transparência e regularidade”.

Torre de TV Digital
Ainda de acordo com a peça judicial, Igor teria atuado para favorecer os empresários ao tentar impedir que uma produtora concorrente alugasse a Torre de TV Digital para uma festa. O espaço público é utilizado em um dos grandes eventos da R2, a Surreal. No diálogo, Rafael Damas e Bruno Sartório combinam o que iriam falar para Tokarski a fim de evitar a cessão do espaço a outro grupo pela Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap).

“Sartório diz para Rafa ver a melhor forma de falar para não exporem a Terracap. Rafa diz que falará direto com ele [Tokarski] que pretendem fazer a Federal Music na Torre Digital, pois parece que estavam ajudando eles, e isso é péssimo. Precisava que dessem essa força, que já têm a Surreal e queriam ir para a Asa Norte, mas não dá para fazer lá, e falará isso. Sartório diz que fechou e pede para Rafa ligar para o Igor pelo WhatsApp”, relatam os investigadores. O magistrado ressalta que a primeira investida policial encontrou registro de ligação de Bruno Sartório para Igor Tokarski.

Sobre o episódio, o ex-secretário disse: “Em nenhum momento fui sequer procurado por qualquer sócio da empresa ou representante, e em hipótese alguma interferi na autorização ou realização de qualquer evento e nem poderia, por ser totalmente alheio à minha competência. Aliás, a conversa narrada na matéria tanto não é crível que o evento Federal Music ocorreu regularmente na Torre Digital”.

Passe livre
Igor Tokarski não se manifestou sobre outra conversa interceptada e transcrita na decisão judicial. Nela, os sócios da R2 Bruno Sartório Silva e Eduardo José de Azambuja Alves, que é filho do ex-ministro de Turismo Henrique Eduardo Alves, conversam sobre a “autonomia” de Tokarski para liberar o acesso de pessoas ao Na Praia.

Sartório dá um puxão de orelha em Eduardo por ter permitido que o ex-secretário tenha autorizado a entrada de mais de 40 pessoas no evento. Eduardo, por sua vez, explica-se dizendo que “ele saiu perguntando quem queria” e o “passe livre” não deveria ter durado a noite toda. Na ligação, é citada a presença do governador Rodrigo Rollemberg em um dos dias do festival deste ano.

A R2 Produções também se manifestou por meio de nota, na qual “reitera a legalidade e a transparência de todas as suas atividades”. Sobre as investigações, afirmou que “os sócios estão à disposição das instituições a qualquer momento, ressaltando que até hoje a empresa não teve acesso aos autos, caracterizando o cerceamento da defesa, uma garantia sagrada assegurada pela Constituição”.

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