Iate Clube reabre dia 4 em meio à polêmica sobre demolição de antiga sauna
Divergência sobre o destino do prédio deu origem a processo administrativo contra o atual comodoro, Rudi Finger
atualizado
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Após a liberação do funcionamento de clubes recreativos no Distrito Federal, a maior – e mais tradicional – confraria da capital do país, o Iate Clube de Brasília, já tem data para reabrir as portas: 4 de julho.
A data foi definida neste sábado (27/06). Funcionários da associação já trabalham na limpeza do espaço. Os clubes terão que cumprir uma série de regras diante da pandemia do novo coronavírus, como o uso de máscara de proteção, que será obrigatório.
Esportes coletivos estão proibidos, assim como piqueniques e outras atividades em grupo. Piscinas, churrasqueiras, academias e saunas deverão permanecer fechadas.
As atividades do clube serão retomadas em meio à polêmica sobre o destino do prédio da antiga sauna. Como mostrou a Grande Angular, um desentendimento sobre a estrutura levou à abertura de processo disciplinar contra o comodoro, Rudi Finger.
Fechado há mais de 12 anos, o prédio está em situação precária (confira galeria de fotos abaixo). Em fevereiro deste ano, Finger apresentou um projeto ao Conselho Deliberativo para a reforma da estrutura. Ao custo de R$ 2,5 milhões, o espaço seria remodelado para dar lugar a uma sala de concertos, além de salões para aulas de música.
O colegiado, no entanto, avaliou que, diante das condições do prédio, a melhor opção é a demolição da estrutura e determinou que a antiga sauna fosse derrubada em um prazo de 120 dias.
“A estrutura está comprometida. A decisão colegiada do plenário do conselho foi para a demolição, já que a reforma teria um custo muito alto. Como a determinação não foi cumprida, abrimos o processo disciplinar, que se trata de um trâmite regimental”, explicou o presidente do Conselho Deliberativo, Antonio Oscar Guimarães Lóssio.
Uma comissão composta por três conselheiros vai conduzir o procedimento interno que, ao final, será julgado pelo Conselho Deliberativo. Se houver maioria, Rudi Finger pode ser expulso da Comodoria.
O que diz o Iate Clube
Em nota, a instituição disse que, “com o intuito de conferir e garantir a legalidade da demolição, já que o prédio havia sido construído no local para sediar a Novacap antes mesmo do Iate Clube de Brasília, a Comodoria solicitou, por meio de ofício, consulta aos órgãos oficiais do Governo do Distrito Federal responsáveis, visando elucidar a dúvida, bem como garantir a autorização para demolição”.
A associação afirmou ter procurado a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Seduh), mas não havia recebido retorno até a última quinta-feira (25/06). “Tal ação se configura, inclusive, como precaução frente a uma possível responsabilização do clube pela demolição de um prédio histórico”, assinalou.
O Iate Clube destacou que o Conselho Deliberativo “tem sido informado constantemente a respeito das providências que estão sendo tomadas em busca da legalização para a demolição, o que não justifica a abertura do processo administrativo”.
“A Comodoria esclarece, ainda, que cumprirá a decisão do Conselho Deliberativo assim que tiver as autorizações e permissões dos órgãos públicos responsáveis, visto que não está obrigada a fazê-lo sem atender aos ditames da lei, sob pena de responsabilidade civil e criminal do representante legal do Iate”, assinalou.
A chefia do Iate Clube de Brasília disse também que o Conselho Deliberativo “deixou de considerar os entraves burocráticos” ao estipular o prazo para a demolição.
“Assim como, quando tomou a decisão, em fevereiro deste ano, não se poderia prever a pandemia, que geraria diversos tipos de transtornos, tanto para empresas quanto para o governo local. A Comodoria do Iate reforça que a demolição, quando autorizada, será realizada com toda a segurança exigida e precedida de informação prévia ao Quadro Social”, afirmou.
Rudi Finger foi eleito comodoro em outubro de 2017. A chapa da qual ele fazia parte, a Harmonia, recebeu 705 votos. O triênio da gestão de Finger acaba neste ano.
Tradicional
Inaugurado no mesmo ano de Brasília (1960), o Iate Clube é um dos mais badalados da capital.
A associação é a que abriga o maior número de embarcações na orla do Lago Paranoá: 600, entre lanchas, velas e barcos. Para fazer parte da confraria, deve-se esperar que algum associado queira vender o título ou participar de um leilão com outros interessados.
Espalhado por 150 mil m², o lugar possui 20 churrasqueiras, 13 quadras esportivas, oito restaurantes, seis piscinas e academia.