Homem que doou rim à irmã recebe novo órgão e coração 36 anos depois
Em junho último, Marcos Antônio Gomes, 61, recebeu um coração. Três meses depois, ganhou um novo um rim. Operações ocorreram por meio do SUS
atualizado
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Quando doou um rim para irmã, há 36 anos, Marcos Antônio Gomes (foto em destaque), 61, não imaginou que, anos depois, também dependeria da generosidade de outra pessoa. Muito menos que ele mesmo precisaria receber não um, mas dois órgãos.
Morador do Distrito Federal, Marcos Antônio recebeu um coração em junho de 2023 e um rim três meses depois. Com gratidão, comemora que todo o tratamento ocorreu por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Tenho uma vida nova, uma nova data de nascimento. Penso muito na família que autorizou a liberação do coração. Muitos têm a ideia de que o coração guarda a personalidade da pessoa, mas isso não existe. Doar é um gesto de amor, de desprendimento. Agradeço muito à família que doou e à toda a equipe que cuidou de mim”, diz.
Agora, Marcos Antônio se recupera após os transplantes e planeja a próxima viagem com a esposa, com quem é casado há 17 anos. “O sonho dela é conhecer Israel. Vou dar um jeito de levá-la um dia; afinal, sem sonhos não há vida, não é mesmo?”, afirma.
Maior média do país
O Distrito Federal teve a maior média de transplantes do país de janeiro a agosto de 2023. Na capital federal, ocorreram 107,2 procedimentos por milhão de habitantes. A média nacional é de 43,1, segundo dados do Ministério da Saúde.
Nos primeiros oito meses deste ano, o DF teve 543 transplantes de órgãos, medula óssea e córnea. No mesmo período do ano passado, foram 501 procedimentos.
Além disso, o DF está em sétimo lugar na lista das unidades da Federação com maior número de doadores por milhão de habitantes.
Em 2022, a taxa da capital federal era de 14,2 doadores por milhão de pessoas, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Já a média nacional era de 17 por milhão.
Como funciona
A doação de órgãos só pode ocorrer mediante autorização da família. A exceção é para casos de doação de rins ou de parte do fígado, em vida, que pode ser feita para parentes de até quarto grau.
“Em transplantes de córnea, caímos para terceiro [lugar], pois dependemos de doações de dentro do próprio DF. É fundamental que você compartilhe a vontade de ser um doador com sua família”, destaca a diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Gabriella Ribeiro Christmann.
Secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio lembra que “todos somos potenciais doadores”. “Precisamos mudar alguns conceitos que ainda são errados. E nossas escolhas de vida ou nosso histórico médico não são limitadores”, enfatiza.
Atendimento
No DF, os hospitais de Base e Universitário de Brasília (HUB) fazem os procedimentos para transplante de rim e córnea, enquanto o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) executa operações com coração, rim, fígado, córnea e medula óssea.
Diagnosticado com a doença de Chagas, José Flávio dos Santos soube que precisaria de um novo coração em fevereiro de 2022 e entrou para a lista de espera.
Devido às complicações do quadro, ele teve direito à prioridade e conseguiu um novo coração, em 19 de setembro último, doado por um morador de Goiânia (GO).
“Antes, eu não conseguia fazer nada, que cansava. Não conseguia escovar os dentes, caminhar. Não tinha vida. ficava na cama o tempo todo”, recorda-se.
Agora, José Flávio espera ansiosamente para receber alta do ICTDF e voltar à rotina, com um novo coração.
“Estou só esperando isso para ir embora. A pessoa que doa um órgão doa vida. Hoje, tenho vida”, celebra.