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Filhos de delegado falavam que eram pedreiros em lote com plantas de maconha, diz testemunha

Depoimento da namorada da filha do delegado Marcelo Marinho de Noronha narra como os irmãos explicavam relação com a chácara

atualizado

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Plantação de maconha de delegado
1 de 1 Plantação de maconha de delegado - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Uma testemunha contou à polícia que os filhos do delegado Marcelo Marinho de Noronha falavam que trabalhavam como pedreiros na chácara do pai onde foi encontrada grande plantação de maconha, em São Sebastião.

Como revelou o Metrópoles, o delegado da Polícia Civil do DF (PCDF); a esposa dele, Teresa Cristina Cavalcante Lopes; e os filhos Ana Flávia Rubenich Marinho de Noronha e Marcos Rubenich Marinho de Noronha foram presos nessa sexta-feira (4/12). A família foi indiciada por tráfico e associação para o tráfico.

A namorada de Ana Flávia, a venezuelana Alejandra Ivette Perez Castillo, 28 anos, contou, em depoimento à PCDF, que não tinha conhecimento da~s plantas. “Disse que, inicialmente, não sabia da plantação de maconha, pois Ana Flávia afirmou que trabalhava como pedreira na chácara do pai, mas ela estuda fisioterapia”, diz trecho do depoimento.

Alejandra narrou aos investigadores que estranhou quando Ana Flávia, com quem mantém união estável há dois anos, chegou com uma flor de cannabis. A namorada teria dito, então, que recebeu o item de um amigo. “A depoente [Alejandra] continuou a perguntar a Ana Flávia e ela disse que tinha uma planta, mas não falou o local onde estava. A depoente não questionou, pois tinha receio que gerasse um atrito no casal”, descreve outra parte do relato.

“Ana Flávia sempre disse que trabalhava como pedreira na chácara do pai, inclusive para os amigos, e nunca convidou a depoente para visitar tal local”. Segundo Alejandra, Marcos também afirmava trabalhar como pedreiro no imóvel e que eles estavam montando um canil no local.

Informações apuradas pela Corregedoria-Geral da PCDF apontam que os filhos mantinham um escritório especializado na comercialização de skunk, tipo mais puro da droga vendido na Europa.

Escala industrial

Durante as buscas feitas na noite dessa sexta-feira (4/12), foi localizada uma estrutura para produção de maconha em “escala industrial”, conforme o processo. Cômodos foram projetados para servirem de estufas.

A polícia apreendeu pés de maconha, grandes e pequenos; fertilizantes; uma pistola da marca Taurus, calibre .40, de propriedade da PCDF; uma espingarda calibre .12; diversas munições calibre .40; contas de água e luz da referida chácara em nome de Teresa Cristina Cavalcante Lopes; rolo de saco plástico para “provável acondicionamento de drogas”, entre outros materiais.

“Vale ressaltar, que na data de hoje, durante o trajeto entre a chácara e sua residência, Marcelo mencionou que a viagem entre os 14 e 21 de novembro, na companhia de sua companheira, esteve na cidade de Bogotá na Colômbia para aquisição de sementes de cannabis, bem como mencionou que fornecia a substância entorpecente para amigos próximos”, diz trecho da investigação.

Noronha é delegado da 1ª classe. Ele já atuou na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) e atualmente integrava a Comissão Permanente de Disciplina (CPD) da PCDF.

O outro lado

Advogado da família, Cleber Lopes disse que a plantação era para consumo próprio e faz parte de um projeto do delegado para desenvolver tecnologia referente à produção do canabidiol (substância derivada da maconha) para uso terapêutico. A defesa refuta a ligação com crime: “A polícia não reuniu nenhum elemento externo que pudesse relevar tráfico”.

Lopes pontuou que “não tem nenhum laudo nos autos dizendo que a quantidade de planta seria capaz de produzir determinada quantidade de entorpecente para consumo”. “Não há nenhuma informação de que eles se dedicassem ao tráfico de entorpecente. O Marcelo é delegado de polícia de classe especial, já foi diretor de presídio. Ele tem receita recebida nos Estados Unidos para uso da cannabis com finalidade terapêutica e achou melhor produzir do que comprar”, afirmou.

Segundo o advogado, o delegado tinha propósito de desenvolver tecnologia a fim de produzir o canabidiol para tratamento contra doenças. “É uma realidade mundial e os juízes no Brasil já estão deferindo liminares para que pessoas façam uso do canabidiol. Ele enxergou nisso uma possibilidade interessante, passou a estudar o assunto, viajou para os EUA várias vezes, participou de congresso sobre o tema”, disse. “O Marcelo chegou a fazer minuta de contrato social de empresa e estava procurando uma forma de regularizar isso na Anvisa para poder fazer pesquisa. Errou em começar antes da autorização”, assinalou.

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