metropoles.com

Ex-secretário que fez GDF alugar prédio de Paulo Octávio hoje mora em mansão de R$ 50 milhões do empresário

Na época do contrato de aluguel entre a Seduh e a Paulo Octávio, de R$ 8 milhões, o Ministério Público apontou irregularidades na transação

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
CASA LAGO SUL–6
1 de 1 CASA LAGO SUL–6 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Enquanto ainda ocupava o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal, o advogado Mateus Leandro Oliveira assinou contrato de locação de um prédio pertencente à Paulo Octávio Investimentos Imobiliários, transação de R$ 8 milhões que proporcionou a transferência da sede da secretaria do Setor Comercial Sul para o prédio Number One, no Setor Comercial Norte.

Depois de deixar o comando da Seduh, em março de 2023, Mateus Oliveira passou a residir no endereço mais nobre da capital federal: a QL 12 do Lago Sul, conhecida como a Península dos Ministros. Atualmente, Mateus Oliveira mora em uma mansão cinematográfica avaliada em R$ 50 milhões.

O palacete de dois andares fica de frente para o Lago Paranoá e tem pelo menos 1.500 metros quadrados de área construída. O espaço contempla área de lazer com piscina e churrasqueira. A construção é novíssima em folha. Ao lado dela, há uma outra mansão exatamente do mesmo padrão anunciada à venda por R$ 50 milhões. Veja:

3 imagens
Casa QL 12 Lago Sul
Casa QL 12 Lago Sul
1 de 3

Casa QL 12 Lago Sul

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 3

Casa QL 12 Lago Sul

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 3

Casa QL 12 Lago Sul

Hugo Barreto/Metrópoles

O ex-secretário afirma que paga R$ 48 mil de aluguel. Segundo corretores de imóveis, o valor do aluguel de uma casa desse padrão oscila entre R$ 250 mil e R$ 300 mil, o que equivaleria a 0,5% ou 0,6% do valor venal. O Metrópoles fez fotos aéreas e registrou, também, a saída do advogado da mansão. Ele dirigia Jeep Compass.

2 imagens
Ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF, Mateus Leandro Oliveira
1 de 2

Ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF, Mateus Leandro Oliveira deixa mansão no Lago Sul

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 2

Ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF, Mateus Leandro Oliveira

Hugo Barreto/Metrópoles

Advogado do ramo imobiliário, Mateus Oliveira foi secretário entre janeiro de 2019 e março de 2023. Em junho de 2021, ele fez o contrato de aluguel de 4.226,18 metros quadrados de área útil do Edifício Number One, no Setor Comercial Norte, para a sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal (Seduh). A locação era pelo prazo de dois anos, já prorrogados, no valor de R$ 8,6 milhões.

O contrato de aluguel da sede da Seduh com a Paulo Octávio foi renovado por mais dois anos, em maio de 2023, por mais R$ 11,8 milhões, o que representa um aumento de 40% no valor inicial do aluguel.

Dobro do preço

No mês seguinte à assinatura do contrato original, em julho de 2021, o Ministério Público de Contas do Distrito Federal apontou irregularidades no processo de locação, sem licitação, e pediu a suspensão imediata do pagamento. Segundo o órgão, o projeto básico que subsidiou a contratação estimava que o aluguel tivesse valor global, referente aos dois anos, de R$ 4,1 milhões, mas a locação acabou saindo por mais que o dobro do previsto.

“Na contratação em tela, verifica-se que o valor da locação do imóvel da empresa Paulo Octavio Investimento Imobiliários LTDA., no montante de R$ 8.636.728,32, é significativamente superior ao estabelecido no Projeto Básico que subsidiou a referida contratação, estimado em R$ 4.168.248,00, representando mais que o dobro da previsão inicial, além de contemplar o pagamento de despesas que expressamente não deveriam ser computadas no aluguel, como taxa de condomínio”, afirmou o MPC.

3 imagens
Locação do Edifício Number One pela Seduh
Reajuste do aluguel
1 de 3

O Edifício Number One, no Setor Comercial Norte, foi alugado pela Seduh em 2021. O prédio é do empresário Paulo Octávio

Reprodução
2 de 3

Locação do Edifício Number One pela Seduh

Reprodução/Seduh
3 de 3

Reajuste do aluguel

Reprodução/Seduh

Outros problemas apontados pelo MPC eram a inclusão da taxa de condomínio no contrato e a dispensa de licitação sem comprovação de que o acordo era mais vantajoso para os cofres públicos.

“Há indícios de violação ao princípio da vantajosidade, ante a aparente ausência de vantagem econômica e qualitativa na contratação, bem como à exigida vinculação da contratação aos termos do edital, afrontando flagrantemente ao disposto no art. 41 da Lei nº 8.666/1993, uma vez que o valor da locação foi superior ao estimado no projeto básico norteador da contratação, com inclusão de taxa de condomínio expressamente proibida para fins de aluguel”, disse.

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) cobrou informações da Seduh e da Paulo Octávio. Em novembro de 2021, considerou improcedente a representação do MPC e arquivou o caso.

O que dizem

Em nota, Mateus Oliveira disse que “a alegação de eventual favorecimento é inverídica e não possui pertinência”. “Trata-se de locação residencial objeto de contrato regularmente celebrado há cerca de um ano, com pagamento de aluguéis mensais mediante boleto bancário, pagos em dias e com todos os respectivos comprovantes de transferências eletrônicas bancárias”, declarou.

“O valor do aluguel é totalmente compatível com a renda comprovada de advogado, que há mais de 20 anos atua no mercado jurídico com trabalho reconhecido pelo profissionalismo e seriedade. Também não há qualquer relação com contrato firmado pela Secretaria há 3 anos, até mesmo pela sua cronologia e pelo fato de ter deixado o cargo público há mais de 1 ano”, enfatizou o advogado.

Em nota, a empresa Paulo Octávio alegou que o imóvel tem área construída de 1.060m², o aluguel jamais seria de R$ 250 mil e que a casa em questão foi anunciada para locação por R$ 48 mil no site da própria empresa e, para venda, estaria avaliada em R$ 25 milhões.

Nota da redação

1. A área de 1.060 metros quadrados é a área do alvará e não inclui diversas outras benfeitorias, como piscina, churrasqueira existentes no terreno de 1.450 metros quadrados.

2. O valor de R$ 250 mil a R$ 300 mil de aluguel, conforme explica o texto da reportagem, situa-se no percentual de 0,5% a 0,6% do valor venal, que é a praxe do mercado.

3. Solicitamos que nos fosse enviada a cópia da publicação no site da própria empresa que disponibilizava o imóvel pelo valor de R$ 48 mil, mas não recebemos a documentação.

4. Ainda que a casa tivesse seu valor em R$ 25 milhões, o mínimo de aluguel seria entre R$ 125 mil e R$ 150 mil mensais. Cabendo ressaltar que a casa do lado, de padrão idêntico, está anunciada pelo valor de R$ 50 milhões.

5. ⁠A reportagem não faz ilações ou insinuações, apenas registra fatos reais: em sua gestão, o secretário Mateus Oliveira instalou a Seduh em imóvel dessa empresa e, tão logo deixou o cargo, passou a residir, a preços subsidiados, em imóvel de propriedade da Paulo Octávio Investimentos Imobiliários.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?