“Energia será melhor com iniciativa privada”, diz Ibaneis após venda da CEB
Leilão da CEB Distribuição ocorreu nesta sexta-feira, mesmo com decisão judicial determinando a suspensão do processo
atualizado
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São Paulo e Brasília – Em discurso após o leilão de venda da CEB Distribuição, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que a energia no Distrito Federal “certamente vai estar muito melhor a cargo da iniciativa privada”. Trata-se da primeira estatal da capital federal que será privatizada.
A Bahia Geração de Energia, do grupo espanhol Neoenergia, apresentou proposta de R$ 2,515 bilhões e venceu a disputa pelo controle acionário da estatal, realizada na manhã desta sexta-feira (4/12), na Bolsa de Valores de São Paulo. A CPFL ficou em segundo lugar, com lance de R$ 2,508 bilhões. A outra participante, Equatorial, ofereceu R$ 1,458 bilhão.
“O projeto de privatização da CEB Distribuição nasceu da impossibilidade e da visão que se tinha de que não era mais alcançável recuperá-la se não fosse com muito investimento. O Estado tem que se focar naquilo que é necessidade da população, como educação, saúde e transporte público de qualidade. Essa atividade de distribuição de energia certamente vai estar muito melhor a cargo da iniciativa privada”, afirmou o governador no evento.
Em entrevista ao Metrópoles, Ibaneis disse que a avaliação do leilão é “extremamente positiva”: “Alcançou mais de 76% de ágio”. O governador pontuou que a CEB Distribuição estava em extrema dificuldade e com previsão de perder a concessão, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para prestação do serviço.
“Este é o fechamento de um trabalho muito importante, porque a empresa adquirente vai fazer grandes investimentos na iluminação pública do DF. A previsão é de que faça investimentos da ordem de R$ 5 bilhões e traga um novo parque de energia. Esperamos que, com isso, a gente solucione vários problemas que existem na cidade”, disse o governador.
Segundo o chefe do Executivo local, o parque tecnológico está atrasado, obsoleto. “Toda vez que chove, nós temos seríssimos casos de queda de energia. As estações de energia são muito antigas. Esperamos que Brasília volte a normalidade no sistema e que a empresa que assumiu cumpra todos os compromissos que fez conosco”, declarou Ibaneis.
A privatização da CEB Distribuição enfrentou resistência de parlamentares e dos empregados da empresa. Uma das tentativas de suspender o processo de venda na Justiça teve êxito na noite dessa quinta-feira (3/12), quando a desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Fátima Rafael determinou a suspensão por entender que a desestatização precisa de prévia autorização do Legislativo. Contudo, o leilão ocorreu mesmo assim.
Ibaneis disse que a liminar “contraria todas as decisões do Supremo Tribunal Federal [STF] que são exatamente no sentido contrário”. “Ontem mesmo saiu uma decisão no Supremo. Certamente, a desembargadora concedeu essa liminar sem ter conhecimento das ações no STF. Entendo que quem entrou com ação agiu de forma a enganar a magistrada, porque não relatou as outras ações que já corriam, inclusive a ação no Supremo. Então estou muito tranquilo em relação a liminar que foi concedida e em breve teremos notícias da cassação dela”, pontuou.
Processo histórico
Após o leilão, o presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Edison Garcia, disse que a venda da subsidiária é um “processo histórico”: “É a privatização com maior ágio e maior número nominal de venda”.
Presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDEs), Gustavo Montezano disse que a privatização vai levar investimentos de R$ 5 bilhões para o Distrito Federal. “Esse recurso vai gerar obra, investimento e aliviar o caixa do Estado, tão apertado nesse momento de pandemia”, pontuou.