Embaixador chinês pede a emissários de Bolsonaro a cabeça de Filipe Martins
Yang Wanming externou a interlocutores de Bolsonaro que a relação com o Brasil só teria a ganhar com a saída de Filipe Martins
atualizado
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Interlocutores de Bolsonaro levaram ao presidente recado do embaixador chinês no Brasil: Yang Wanming estaria insatisfeito com a permanência de Filipe Martins na chefia da Assessoria Internacional da Presidência da República.
Em geral, Yang Wanming dispensa intermediários e escreve publicamente, e em bom português, suas impressões sobre as tratativas com o governo brasileiro.
Desta vez, no entanto, recorreu a parlamentares e representantes do Itamaraty para expor seu descontentamento com a influência de Filipe Martins sobre a política externa do governo Bolsonaro.
Segundo Yang Wanming manifestou a emissários, os chineses pensam que o relacionamento entre Brasil e China só teria a ganhar com a saída de Filipe do cargo. O embaixador também disse a interlocutores que não é possível acreditar numa mudança real da política externa enquanto o assessor continuar com a destacada missão de influenciar Bolsonaro nos assuntos internacionais e seguir com poder de ingerência no Itamaraty, sobre o qual sempre teve proeminência.
Parlamentares ouvidos pelo Metrópoles disseram que, entre os fatores que pesam contra Filipe Martins, estão as visões geopolíticas do assessor – tido como o principal responsável pelo ceticismo de Jair Bolsonaro em relação à China –, suas interferências constantes nas discussões em torno da tecnologia 5G e a proximidade que ele mantém com ex-assessores de Donald Trump.
Também no Itamaraty, onde Filipe é visto como uma espécie de chanceler paralelo, essas posturas têm incomodado a nova cúpula da diplomacia, que projeta como uma de suas principais missões normalizar as relações com a China e melhorar o relacionamento com o Congresso.
Na semana passada, o jornalista Lauro Jardim, de O Globo, revelou que integrantes do governo têm tentado convencer Filipe Martins a aceitar cargos como a presidência da Apex, em Brasília, o escritório da agência em Jerusalém ou uma diretoria no Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O destino do assessor ainda é incerto, mas o embaixador chinês deixou claro seu desejo de vê-lo longe do centro de poder em Brasília.
Em nota, a Embaixada da China disse: “Não temos nenhum conhecimento a esse respeito, e a posição de sempre da China é não interferir nos assuntos internos. Nunca houve nenhum contato entre o lado brasileiro e a Embaixada da China sobre esse tema.”