Divergência sobre antiga sauna do Iate Clube ameaça permanência de comodoro
Conselho Deliberativo abriu um processo disciplinar contra Rudi Finger após o chefe da associação não demolir prédio dentro do prazo
atualizado
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Um desentendimento envolvendo a antiga sauna do Iate Clube de Brasília levou à abertura de processo disciplinar que ameaça a permanência do comodoro, Rudi Finger, à frente da associação.
O Conselho Deliberativo decidiu, em fevereiro de 2020, que o prédio da antiga sauna do clube deveria ser demolido e deu um prazo de 120 dias para execução.
Mas o comodoro não atendeu a determinação de prontidão e optou por consultar órgãos oficiais a respeito da legalidade da derrubada. O prédio histórico, que hoje está vazio, fica na área tombada da cidade.
Por causa do descumprimento da determinação do colegiado, o presidente do Conselho Deliberativo, Antonio Oscar Guimarães Lóssio, resolveu, nessa quarta-feira (24/06), instaurar o processo disciplinar nº 002/2020 contra Finger.
Uma comissão composta por três conselheiros vai conduzir o procedimento interno que, ao final, será julgado pelo Conselho Deliberativo. Se houver maioria, Rudi pode ser expulso da Comodoria.
No dia 9 de junho, o perfil do Iate Clube de Brasília no Facebook postou uma foto do acervo que mostra o Salão Social, inaugurado em abril de 1975, e o prédio da antiga sauna, construído em 1969.
“Ali funcionavam a sauna, o salão de beleza e uma sala de descanso”, descreveu. O edifício alvo da discórdia é o redondo que aparece no alto da imagem (veja na galeria).
O que diz o Iate Clube
Em nota, o Iate Clube de Brasília disse que, “com o intuito de conferir e garantir a legalidade da demolição, já que o prédio havia sido construído no local para sediar a Novacap antes mesmo do Iate Clube de Brasília, a Comodoria solicitou, por meio de ofício, consulta aos órgãos oficiais do Governo do Distrito Federal responsáveis, visando elucidar a dúvida, bem como garantir a autorização para demolição”.
A associação afirmou ter procurado a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Seduh), mas não recebeu retorno até esta quinta-feira (25/06). “Tal ação se configura, inclusive, como precaução frente a uma possível responsabilização do clube pela demolição de um prédio histórico”, assinalou.
O Iate Clube destacou que o Conselho Deliberativo “tem sido informado constantemente a respeito das providências que estão sendo tomadas em busca da legalização para a demolição, o que não justifica a abertura do processo administrativo”.
“A Comodoria esclarece, ainda, que cumprirá a decisão do Conselho Deliberativo assim que tiver as autorizações e permissões dos órgãos públicos responsáveis, visto que não está obrigada a fazê-lo sem atender aos ditames da lei, sob pena de responsabilidade civil e criminal do representante legal do Iate”, assinalou.
A chefia do Iate Clube de Brasília disse também que o Conselho Deliberativo “deixou de considerar os entraves burocráticos” ao estipular o prazo para a demolição.
“Assim como, quando tomou a decisão, em fevereiro deste ano, não se poderia prever a pandemia, que geraria diversos tipos de transtornos, tanto para empresas quanto para o governo local. A Comodoria do Iate reforça que a demolição, quando autorizada, será realizada com toda a segurança exigida e precedida de informação prévia ao Quadro Social”, afirmou.
Rudi Finger foi eleito comodoro em outubro de 2017. A chapa da qual ele fazia parte, a Harmonia, recebeu 705 votos. O triênio da gestão de Finger acaba neste ano.
Tradicional
Inaugurado no mesmo ano de Brasília (1960), o Iate Clube é um dos mais badalados da capital.
A associação é a que abriga o maior número de embarcações na orla do Lago Paranoá: 600, entre lanchas, velas e barcos. Para fazer parte da confraria, deve-se esperar que algum associado queira vender o título ou participar de um leilão com outros interessados.
Espalhado por 150 mil m², o lugar possui 13 quadras esportivas, 8 restaurantes, 6 piscinas, academia e 20 churrasqueiras.