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Diretor-geral da Cateno doou para candidato e fechou contratos milionários com prefeitura após eleição

Henrique Fernando Lucas foi aprovado como novo diretor-geral da Cateno, empresa do Banco do Brasil e da Cielo

atualizado

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Elias Ramos/Prefeitura de Contagem
Prefeitura de Contagem, em Minas Gerais, fechou contratos com a CDC, empresa de indicado para a Cateno
1 de 1 Prefeitura de Contagem, em Minas Gerais, fechou contratos com a CDC, empresa de indicado para a Cateno - Foto: Elias Ramos/Prefeitura de Contagem

Henrique Fernando Lucas, o executivo aprovado como diretor-geral da Cateno – empresa de pagamentos do Banco do Brasil e da Cielo – fechou contratos milionários com uma prefeitura mineira.

A Cielo confirmou a eleição de Henrique Fernando como presidente da Cateno em comunicado ao mercado emitido nessa segunda-feira (31/7).

Como um dos sócios-administradores da CDC Card Tecnologia Ltda., Henrique Fernando assinou contratos de R$ 25,5 milhões com a Prefeitura de Contagem (MG), em 2020. À época, o prefeito era Alex de Freitas, que se tornou presidente do Avante em Minas Gerais em março de 2023.

Antes de contratar com a Prefeitura de Contagem, Henrique Fernando doou, nas eleições de 2016, R$ 100 mil para a campanha de Alex de Freitas, que era filiado ao PSDB. Essa foi a maior doação recebida por ele, atrás apenas de dinheiro próprio do então candidato e de partidos políticos.

Dados da doação de campanha de Henrique Fernando Lucas a Alex de Freitas
Dados da doação de campanha de Henrique Fernando Lucas a Alex de Freitas, que se elegeu prefeito de Contagem (MG)

Contratos

Em setembro de 2020, Henrique Fernando fechou o primeiro contrato emergencial com a prefeitura, no valor de R$ 15,8 milhões. A CDC ficaria responsável por repassar o dinheiro referente à merenda escolar para famílias em situação de vulnerabilidade social, durante a suspensão das aulas em razão da pandemia de Covid-19.

Em março de 2021, a empresa e o município assinaram termo aditivo de R$ 3,2 milhões, totalizando R$ 18,5 milhões. Porém, R$ 17,7 milhões foram efetivamente pagos, segundo documentos oficiais, após devolução de R$ 884 mil pela CDC.

No mês seguinte, em abril de 2021, Henrique Fernando firmou novo acordo para continuação do serviço, no valor de R$ 7,8 milhões. Porém, a Cateno informou, em nota, que os valores dos contratos da CDC com a prefeitura eram referentes aos recursos repassados diretamente às famílias e a empresa não teve lucro (leia a nota na íntegra abaixo).

Veja os contratos: 

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Segundo acordo entre a CDC e a prefeitura do município
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Primeiro contrato emergencial assinado por Henrique Fernando Lucas e a Prefeitura de Contagem

Reprodução
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Segundo acordo entre a CDC e a prefeitura do município

Resistência

A sugestão do nome de Henrique Fernando sofreu resistências dentro da Cielo e do Banco do Brasil para assumir o comando da Cateno, mas acabou aprovada mesmo assim, sob indicação do Avante. Além da ligação do executivo com o partido político, o histórico de sanções dele no mercado era mal visto por servidores.

Em 17 de fevereiro de 2020, o Banco Central aplicou multa de R$ 30 mil a Henrique Fernando, no âmbito de um processo sobre irregularidades envolvendo o Banco Semear S.A, no qual ele atuou como diretor.

O executivo também sofreu sanção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em outro caso, relacionado ao período em que Henrique Fernando era diretor financeiro da Eletrosom. Em 2018, a CVM aplicou a ele multa de R$ 30 mil por não prestar informações obrigatórias. O executivo também foi afastado do comando de empresas por um ano e meio.

A Cateno é responsável pelo processamento dos cartões Ourocard. O Banco do Brasil tem 30% da empresa, enquanto a Cielo detém 70%. A joint venture é alvo de cobiça política por movimentar bilhões de reais e auferir lucros estratosféricos.

O outro lado

A Cateno informou que não houve lucro nos contratos assinados pela CDC e que os valores milionários citados são referentes ao repasse às famílias. Leia a nota na íntegra:

A menção ao vínculo partidário: O artigo menciona que Henrique Lucas teria vínculo com o partido Avante, mas é importante esclarecer que ele não tem associação com o Avante. Na época das doações mencionadas foram feitas ao prefeito em exercício, filiado ao PSDB.
Citação sobre os contratos: Os contratos citados no artigo foram assinados sem nenhum custo para a prefeitura e, ainda, não eram de responsabilidade pessoal de Henrique Lucas, mas sim da empresa da qual ele era sócio na época no ano de 2016. Além disso, os valores citados na matéria referem-se a repasse/reembolso para os cidadãos de benefícios disponíveis pela prefeitura diante a crise sanitária (pandemia Covid-19).
Na expressão “Histórico de condenações”: A expressão ‘histórico de condenações’ foi usada no artigo, porém, esse termo deve ser reservado para situações que passaram pelo devido processo legal, o que não se aplica às sanções administrativas mencionadas. Sanções administrativas e condenações judiciais são conceitos distintos, e Henrique Lucas não possui condenações judiciais.
Valores incorretos citados: O artigo menciona uma quantia significativamente errada, referindo-se a R$ 884 milhões, quando o valor correto é R$ 884 mil.
Em nota, a Prefeitura de Contagem informou que “a contratação da empresa citada foi emergencial em 2020 e aditada em 2021, motivada pela situação de calamidade no contexto da pandemia da Covid-19, de acordo com o Termo de Referência da Contratação. Essas informações constam do Portal da Transparência”.

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