Os deputados federais do DF que tomaram posse em 2023 gastaram 36% a mais com cota parlamentar em comparação com as despesas da bancada em 2022. Apenas três dos sete parlamentares que estavam no cargo em 2022 foram reeleitos e continuaram na Câmara dos Deputados em 2023.

No ano passado, os deputados da capital do país gastaram um total de R$ 2,6 milhões da cota parlamentar, recurso disponível para pagar despesas como aluguel de carro e de escritório, passagem, alimentação e divulgação. A cota é um dinheiro extra para os parlamentares, que também recebem salário e verba de gabinete.

Os deputados do DF que mais gastaram com cota parlamentar em 2023 foram Rafael Prudente (MDB) e Fred Linhares (Republicanos), que tiveram despesas de R$ 412,5 mil e R$ 402,5 mil, respectivamente.

O mês em que Rafael Prudente mais gastou foi o de agosto, quando o parlamentar fez uso de R$ 59,8 mil. Naquele mês, ele pagou R$ 21 mil com divulgação, R$ 11,9 mil com manutenção de escritório – que inclui aluguel, IPTU, energia e internet –, R$ 11,2 mil com hospedagem nos Estados Unidos para participar do Lide Brazil Development, em Washington, e R$ 7,5 mil com passagem aérea para os EUA.

Em maio, segundo mês mais dispendioso, Prudente gastou R$ 50,2 mil da cota parlamentar. Foram R$ 32,6 mil em divulgação, mais R$ 9,4 mil em manutenção de escritório, R$ 5,3 mil em aluguel de Toyota Corolla e R$ 2,5 mil em combustível.

Veja quanto gastou cada deputado do DF em 2023, por mês:

A maior despesa com cota parlamentar de Fred Linhares, o segundo parlamentar que mais utilizou o recurso em 2023, foi registrada em novembro, quando ele gastou R$ 57,7 mil. Foram R$ 48,2 mil em divulgação, R$ 6,8 mil na locação de um Ford Territory Titanium e R$ 2,7 mil em combustível.

O segundo mês mais dispendioso foi outubro, quando o parlamentar usou R$ 36,9 mil com cota parlamentar. Em fevereiro e março, ele gastou, respectivamente, R$ 36,5 mil e R$ 36 mil. Veja as despesas mensais acima. 

No ano passado, o deputado federal Alberto Fraga (PL) gastou R$ 374,6 mil com cota parlamentar. A despesa de Erika Kokay (PT) foi de R$ 362 mil, e a de Bia Kicis (PL), R$ 354,1 mil.

Gilvan Máximo (Republicanos) usou R$ 339,8 mil, e Professor Paulo Fernando (Republicanos) gastou R$ 198,2 mil. A despesa com cota parlamentar de Professor Reginaldo Veras (PV) foi de R$ 125,3 mil, e a de Julio Cesar Ribeiro (Republicanos), de R$ 106,3 mil.

O DF tem oito deputados federais, mas foram consideradas as despesas de nove, porque o suplente Prof. Paulo Fernando (Republicanos) assumiu a cadeira de Julio Cesar Ribeiro (Republicanos) durante um período de 2023, quando Julio deixou a Câmara dos Deputados para ocupar o cargo de secretário de Esportes do DF.

Os gastos com corta parlamentar ainda podem aumentar, porque os parlamentares têm prazo de três meses para apresentar as notas fiscais das despesas e, assim, receber o reembolso.

Em 2022 – último ano do mandato dos parlamentares eleitos em 2018 –, os deputados federais gastaram R$ 1,9 milhão da cota.

Três deputados federais reeleitos

Apenas três deputados federais do DF foram reeleitos em 2022 para permanecer na Câmara dos Deputados por mais quatro anos: Bia Kicis (PL), Erika Kokay (PT) e Julio Cesar Ribeiro (Republicanos).

Em janeiro de 2023, a Mesa Diretora da Câmara aumentou em 5,7% os valores da cota parlamentar. No caso dos deputados do DF, cada um tem direito ao valor mensal de R$ 36,7 mil. Antes, eram disponibilizados R$ 30,8 mil para cada.

O outro lado

Rafael Prudente disse que usou a cota parlamentar, principalmente, para consultoria orçamentária, “o que foi revertido em melhorias para a população, com liberação de recursos para o DF”.

“A gente teve resultado positivo em liberação de recurso, inclusive de emendas não impositivas que foram alocadas no orçamento de 2023. A gente conseguiu no sábado, véspera de Réveillon, empenhar R$ 48 milhões para o Hospital de Base. Conseguimos recurso extra para fazer a DF-080 e recurso extra para 2024, em torno de R$ 100 milhões”, afirmou Prudente, que é líder da bancada do DF.

“No fim do ano passado, a gente consegui assinar contrato com a Caixa Econômica para a construção do Hospital de São Sebastião. O que eu posso assegurar é que todos os recursos foram muito bem aplicados para o melhor da nossa cidade”, enfatizou.

Bia Kicis disse que “os gastos são todos feitos em razão do trabalho, e o preço dos serviços também aumentou bastante do ano anterior para agora”.

“Nosso mandato se pauta pela transparência. Todos os gastos são absolutamente checados e aprovados pela Câmara dos Deputados. Não há desperdício, mas, sim, pagamento devido aos prestadores de serviço e às locações de espaço (gabinete político), veículo e combustível — tudo usado estritamente para o mandato parlamentar”, afirmou Bia Kicis.

Reginaldo Veras declarou que “a gente usa aquilo que é extremamente necessário para o bom e eficiente exercício do mandato”. “Rodamos o Distrito Federal inteiro atrás das demandas, pois entendemos a dificuldade que é o acesso aos deputados no Congresso Nacional. Nosso mandato não é de gabinete, é um mandato de rua”, pontuou.

A reportagem entrou em contato com os demais citados e aguarda retorno. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.