Única autoridade ainda presa pelos atos de 8/1, coronel Naime completa 6 meses na cadeia
Jorge Eduardo Naime Barreto era chefe do Departamento de Operações da PMDF e saiu licença dias antes da invasão às sedes dos Três Poderes
atualizado
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Única autoridade ainda presa pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime Barreto completou seis meses na cadeia, nesta segunda-feira (7/8).
Naime foi preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em 7 de fevereiro de 2023, na 5ª fase da Operação Lesa Pátria, por suspeita de omissão ou conivência com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
O coronel assumiu a chefia do Departamento de Operações (DOP) da PMDF em abril de 2021. Ele saiu de licença-recompensa dias antes dos atos extremistas e foi substituído pelo coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra.
Apesar de estar oficialmente fora das funções, Naime foi à Esplanada dos Ministérios após a invasão dos prédios públicos, prendeu manifestantes e acabou ferido por rojões.
Naime teve sete pedidos de liberdade negados, por meio de solicitações de revogação da prisão, recursos e habeas corpus.
Na última sexta-feira (4/8), a defesa do coronel tentou novamente e apresentou novo pedido de revogação da prisão.
Suspeitas
Em 6 de julho último, quando indeferiu pedido para revogar a prisão preventiva de Naime, Moraes considerou os motivos apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para mantê-lo detido.
Para a PGR, o material analisado pela Polícia Federal (PF) “demonstra a intenção deliberada do comando da PMDF em não atuar para evitar e conter os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, com conhecimento e anuência de Jorge Eduardo Naime Barreto”.
A PGR apontou que ainda há diligências pendentes direcionadas à cúpula da PMDF — cujo comando é ocupado pelo coronel Klepter Rosa, com o qual o Naime possuiria “relação próxima” —, motivo pelo qual haveria “efetivo risco de interferência na produção das provas”.
Outro fato que levou à prisão de Naime foi o registro de ocorrência policial pela ex-mulher dele, que o acusou de tentar fugir do DF para a Bahia.
A defesa do coronel nega e diz que Naime viajaria com a família, em férias marcadas oficialmente junto à PMDF; que ele tem relação “conflituosa” com a ex; e que ela não apresentou provas da acusação.
Defesa
Os advogados de Naime dizem que “não há qualquer elemento de prova que indique a participação dele [nos atos extremistas de 8 de janeiro], muito menos que dê razão à continuidade da segregação [por meio da prisão]”.
A defesa do coronel da PMDF afirmou que Naime não era o responsável pelo planejamento ou pela execução de eventual operação para resguardar as sedes dos Três Poderes porque estava afastado das funções desde 3 de janeiro de 2023.
Exclusivo: PF identifica o responsável por falta de planejamento da PMDF em 8/1
Os advogados acrescentaram que Naime havia se afastado do cargo para cuidar da saúde e ficar com a família. Um dos filhos dele tem hidrocefalia e precisa trocar válvulas cerebrais periodicamente. A defesa apresentou ao STF documentos que comprovariam a realização da exames médicos pelo coronel em 4 de janeiro de 2023.
Outro argumento da defesa de Naime é o de que ele, mesmo afastado, “atuou proativamente para restabelecer a ordem e proteger o patrimônio público, dirigindo-se ao local dos fatos em 8 de janeiro, chegando à Praça dos Três Poderes por volta das 17h40”.
Esposa do coronel, Mariana Adorno Naime disse à coluna Grande Angular que a família está “aliviada em perceber o avanço do devido processo legal”. “As investigações da PF deixam claro que o coronel Naime é inocente. Não existem provas contra ele”, afirmou.
“Temos esperanças de que esse pesadelo acabe e ele possa estar em casa para comemorar o Dia dos Pais. Agora, depositamos nossa esperança no Ministério Público, para que a justiça seja feita ao país, mas, principalmente, a minha família, meus filhos e meu marido”, completou.