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Bastidores da ação que levou Arruda, Agnelo e Filippelli para cadeia

Nessa terça (23/5), um ex-vice e dois ex-governadores do DF foram presos por rolos no Mané Garrincha. Conheça detalhes da operação

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Policia Federal
1 de 1 Policia Federal - Foto: Michael Melo/Metrópoles

As aparências enganam
Uma imagem chamou atenção de quem espiava a operação da Polícia Federal pela fresta do portão da casa de Agnelo Queiroz (PT). Acusado de integrar um grupo que desviou verbas das obras do Mané, o ex-governador evita ostentar. Na garagem dele, havia um modesto fusca bege estacionado ao lado de uma Tucson, mesmo modelo que usou na campanha de 2014, absolutamente compatível com os rendimentos de um médico servidor público. Mas as aparências enganam. Só em bens e ativos, a Justiça bloqueou R$ 10 milhões do petista.

Uma vez candidato…

TV Globo/Reprodução
Tadeu Filippelli se esconde por trás de um malote da PF

Quando a polícia buscou Filippelli em casa, o ex-vice-governador ficou vexado. A primeira reação dele ao se deparar com jornalistas e câmeras a postos foi tentar se esconder atrás de um malote da Polícia Federal. No caminho até a superintendência da PF, ele relaxou. Ao desembarcar do carro da polícia, distribuiu bom dia, sorrisos e apertos de mão. Prova de que, enrolado até a tampa, ele sai da campanha, mas a campanha não sai dele.

Menos um dia
Na operação desta terça-feira, Agnelo Queiroz foi alvo das atenções. Último a chegar na superintendência da PF, provocou especulações de que resistia a sair de casa. Foram quase 10 horas de delay entre a visita dos agentes federais e a detenção de fato, o que representou quase um dia a menos em prisão temporária.

Dois motivos teriam atrasado a condução de Agnelo para a PF. O ex-governador passou mal e precisou ser socorrido por um colega médico. E na casa do petista, há um escritório abarrotado com livros e documentos. Os agentes tiveram que vasculhar tudo em busca de provas.

Daniel Ferreira/Metrópoles
Agnelo na chegada à sede da PF

 

É que, depois da Copa do Mundo, Agnelo guardou parte do acervo de documentos referentes ao campeonato em sua casa. Tanto a Secretaria da Copa quanto as coordenações vinculadas à pasta foram extintas depois do torneio, e o petista achou por bem manter os registros sob sua tutela.

Sorte ou azar
Muitos têm o sete como número da sorte. Mas Arruda, que carrega na alcunha um símbolo de bons presságios, vem contrariando essa superstição. Sete anos depois de ficar dois meses preso na carceragem da PF, ele volta para a cela no mesmo local. A diferença é que, na primeira temporada, tinha a prerrogativa do cargo de governador. Agora, sem mandato, teve de dividir o “cômodo”.

É pra Copa?

ComCopa/Divulgação
Agnelo e Filippelli no Mané Garrincha: os dois dividem cela com o ex-secretário da Copa em Brasília, Cláudio Monteiro

 

No passado, seria reunião de trabalho para decidir assuntos do Mundial de futebol, mas nessa terça-feira (23/5), o encontro de Agnelo, Filippelli e Cláudio Monteiro foi convocado pela 10ª Vara Federal de Brasília, que os mandou para a cadeia. O ex-governador, seu vice e o ex-secretário da Copa dividem uma cela.

Presente de grego
Maruska Lima, a única mulher presa na Operação Panatenaico, ostentou na época em que era presidente da Terracap um mimo que ganhara do consórcio construtor do Mané Garrincha: um colar, cujo pingente era uma réplica da arena. Foi feito sob encomenda para agradar a engenheira responsável pela obra. Não foi o único presente.

Me dá o dinheiro aí

Felipe Menezes/Metrópoles
Luis Carlos Alcoforado aproveitou coletiva para cobrar ex-cliente

 

Obrigado a depor no âmbito da Panatenaico, o advogado Luis Carlos Alcoforado partiu para o ataque. Consignou nos autos de seu depoimento que Agnelo Queiroz é um péssimo pagador e lhe deve R$ 400 mil. O advogado move ação contra o petista para receber seus honorários. Numa entrevista coletiva duas horas depois de prestar esclarecimentos à PF, Alcoforado ainda estava ofegante e suava em bicas.

Time do chororô

Internet/Reprodução

Dois botafoguenses mantiveram a tradição do chororô e lamentaram juntos a condição de presidiários. Agnelo e Arruda compartilham a mesma paixão pela Estrela Solitária. E os dois, no momento da prisão, teriam se emocionado. Como diz a paródia ao hino botafoguense: “chora o presidente, chora o time inteiro, chora o torcedor”. Rollemberg também é botafoguense e, por enquanto, ri baixinho.

Bilhete premiado
Como tem mais presos do que cela disponível, três acusados de desviar dinheiro do Mané desembarcaram no aeroporto de Brasília. A ex-presidente da Terracap Maruska Lima de Souza Holanda e os supostos interlocutores da propina, Jorge Luiz Salomão e Sérgio Lúcio Silva de Andrade, ficarão detidos na carceragem mantida pela PF no terminal. Sensação de voar, só pelo barulho de pousos e decolagens.

Em vias de tombar

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Fernando Queiroz, dono da Via, teve R$ 10 milhões bloqueados pela Justiça. Já para a empresa, o cartão vermelho foi de R$ 100 milhões

 

Apesar de ter ficado na segunda divisão do chamado Clube Vip das empreiteiras envolvidas na Lava Jato, a Via é líder isolada no quesito bloqueio de bens suspeitos da Operação Panatenaico. Foi impactada com um bloqueio no valor de R$ 100 milhões. O dono da empresa, Fernando Queiroz, teve outros R$ 10 milhões sequestrados.

Famoso quem?
Muitos se perguntavam quem era o Sérgio Andrade preso no rolo do Mané nessa terça (23). Houve quem se questionasse se era o Sérgio (Lins) Andrade, principal herdeiro e acionista da Andrade Gutierrez. Mas, não. O Sérgio da Panatenaico é o dono do Grupo Gran. Os investigadores descrevem que o negócio do empresário é cobrar propina. O Sérgio Andrade da Gutierrez, como confessaram os delatores do conglomerado, estava no papel de pagador. E a aposta é alta de que ele seja o grande nome a fechar o rol de delatores da construtora.

Respeita a polícia
A responsável pelo arrastão de ex-governadores para a cadeia foi uma delegada da Polícia Federal. Bonita e dura na queda, Fernanda Costa de Oliveira não dourou a pílula para tipificar as condutas criminosas dos investigados. Filha de policial, foi aprovada no concurso da PF de 2004 e ainda nem chegou aos 40.

Para… – o quê???

Internet/Reprodução

Todo mundo já se acostumou com os nomes nada comuns que batizam as operações policiais. É sempre uma aula de história. Mas, vamos combinar, nesta fase os agentes capricharam no travalíngua. Fale rápido: Panatenaico!

(Com reportagem de Juliana Cavalcante, Kelly Almeida, Manoela Alcântara e Ana Helena Paixão)

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