Advogado negro é novamente confundido com motorista em órgão público
Nauê Bernardo dirigia o próprio carro quando foi abordado na sede do Ibama acompanhado de uma autoridade e de outras duas pessoas
atualizado
Compartilhar notícia
O advogado negro Nauê Bernardo disse que um segurança o confundiu com um motorista na sede do Ibama, em Brasília, na manhã desta terça-feira (28/2).
Nauê contou à coluna que dirigia o próprio carro na companhia de outras três pessoas, incluindo um ex-presidente do Ibama, para participar da posse do novo chefe do órgão, Rodrigo Agostinho.
“Quando fui entrar no Ibama, o porteiro me perguntou direto se eu ia deixar as pessoas. Ele só percebeu o que tinha acontecido quando a autoridade ao meu lado disse que íamos todos ficar, pois todos tínhamos sido convidados”, relatou.
Em março de 2022, Nauê relatou nas redes sociais que foi confundido com motorista por um segurança do Supremo Tribunal Federal (STF), onde faria sustentação oral no Plenário. Em nota divulgada à época, o STF rechaçou “qualquer tipo de tratamento desrespeitoso ou preconceituoso, e disse que está “sempre atento para melhoria de suas práticas internas”.
“O problema não é ser confundido com alguém que exerce profissão nobre e essencial, como motorista, mas, sim, o fato de isso só acontecer quando não se tem um determinado perfil, como se um negro de terno só pudesse ser motorista ou segurança”, afirmou nesta terça. “Como se não pudesse exercer uma profissão que o leva a ser convidado para a posse de uma autoridade.”
A coluna acionou o Ibama, que respondeu por meio de nota. Leia na íntegra:
“O Ibama considera lamentável e inadmissível o episódio ocorrido durante a chegada de convidados para cerimônia realizada na sede do Instituto nesta terça-feira (28/02). A empresa que fornece serviços de segurança na sede da Autarquia será advertida e instruída a tratar com igualdade e dignidade todos que frequentam as dependências do Ibama. A atual gestão tem o propósito de investir em capacitação de servidores e terceirizados para evitar que situações como esta voltem a acontecer“.