Acusado de ajudar Lázaro, chacareiro Elmi Caetano torna-se réu na Justiça
A Comarca de Cocalzinho de Goiás recebeu denúncia do MP contra o chacareiro Elmi Caetano, preso e acusado de dar guarida ao maníaco Lázaro
atualizado
Compartilhar notícia
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) recebeu, na noite de terça-feira (6/7), a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO) contra o chacareiro Elmi Caetano Evangelista, 73 anos, por supostamente ajudar o maníaco Lázaro Barbosa.
A partir dessa decisão, Elmi Caetano torna-se réu e deve responder à acusação de ter cometido os crimes de favorecimento pessoal, posse irregular de arma de fogo de uso permitido, e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
A juíza Luciana Oliveira de Almeida Maia da Silveira, da Comarca de Cocalzinho de Goiás, também indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva de Elmi Caetano, que está detido desde o dia 24 de junho.
Na denúncia, o MPGO disse que Elmi Caetano teria cometido o crime de favorecimento pessoal por pelo menos cinco vezes e em “continuidade delitiva”, considerando a quantidade de dias, em momentos alternados, em que o denunciado deu guarida a Lázaro.
Segundo o Ministério Público, Elmi Caetano tinha uma arma de fogo com sinal de identificação adulterado. A espingarda de ar comprimido foi modificada mecanicamente para disparar munição de calibre .22, e, portanto, sem numeração, “em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
“Apesar dos esforços incessantes destinados à captura do citado criminoso, apontado como de altíssima periculosidade, constatou-se que o denunciado Elmi, pelo menos desde a data de 18/06/2021 até o momento de sua prisão em flagrante em 24/06/2021, de forma livre e plenamente ciente das buscas realizadas pelas forças policiais na tentativa de capturar o criminoso Lázaro, deu guarida a ele em sua propriedade rural, fornecendo-lhe repouso, comida, e escondendo-o no local, de maneira a retardar e dificultar sobremaneira o trabalho da polícia”, escreveu na denúncia a promotora Gabriela Starling Jorge Vieira de Mello.
A juíza da Comarca de Cocalzinho de Goiás atendeu à solicitação do MPGO e arquivou o inquérito policial em relação ao caseiro Alain Reis de Santana, que havia sido preso junto ao patrão Elmi Caetano.
O que dizem as defesas
Advogado de Elmi Caetano, Ilvan Barbosa disse à coluna Grande Angular que os laudos concluíram que as armas são inaptas e não efetuam disparos. O advogado não comentou o recebimento da denúncia.
O advogado do caseiro Alain Santana, Adenilson Santos, afirmou que “desfeitas as suspeitas em relação a Alain, ele tentará seguir a vida em paz”.
Relato
Alain revelou à polícia que Elmi ajudou o maníaco na fuga. O patrão teria permitido que o foragido passasse as noites na sede da chácara e o alimentava há dias. Elmi teria deixado as portas do local destrancadas, como se esperasse por Lázaro.
No dia 24 de junho, por volta das 6h30, Alain chegou para trabalhar de bicicleta e encontrou o patrão, Elmi, e o filho Gabriel. O caseiro afirma que foi mandado para o córrego, com a informação de que a bomba estaria estragada, mas não havia nada de errado com o equipamento. Para o empregado, a ordem serviu para afastá-lo da sede da chácara.
No mesmo dia, Alain viu Lázaro entrar correndo na casa para se refugiar em um quarto, mas, antes, fez um sinal para que o funcionário deixasse o local. O caseiro encontrou policiais na propriedade e, por ter sido ameaçado de morte pelo foragido, negou que o criminoso estivesse na chácara. Depois que os agentes foram embora e, em seguida, um helicóptero sobrevoou a chácara, o foragido saiu do cômodo e foi até o córrego onde costuma se esconder.
Segundo Alain, Lázaro vestia apenas roupas pretas: camisa social, calça colada ao corpo, calçado (tênis ou bota) e um boné da marca Oakley. Lázaro foi capturado, mas morreu após confronto com a polícia, no dia 28 de junho.