Saiba, flamenguista, que Jorge Jesus não é essa “Coca-Cola” toda, não
A passagem pelo Brasil em 2019 foi uma excepcionalidade em sua carreira. No geral, seu currículo é de um profissional “doméstico”
atualizado
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Acabei de ler aqui no Metrópoles: “Jorge Jesus esfria interesse do Flamengo: Meu foco é o Benfica”. É a confirmação daquilo que escrevi numa coluna na quarta-feira: “Jorge Jesus não vem nem a pau”.
Mas agora eu quero mandar um recado para o torcedor flamenguista: Jorge Jesus não é essa bola toda, não. E tenho razões de sobra para justificar o meu ponto de vista.
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que o “mister” teve uma passagem brilhante e iluminada pelo Flamengo em 2019. Ganhou tudo (ou quase tudo) o que disputou: Libertadores, Brasileirão, Supercopa, Cariocão… Perdeu o Mundial de Clubes, jogando, segundo os fanáticos, de igual para igual com o Liverpool.
Mas Jorge Jesus não é essa “Coca-Cola toda, não”. Sua passagem pelo Flamengo foi uma coisa circunstancial. Se o trouxerem de volta, não vai repetir o mesmo êxito. Aliás, se eu fosse ele, não voltaria nunca para o Brasil. Se voltar, vão descobrir que ele é apenas um bom técnico. Mas não essa sumidade que transformaria o Flamengo num time ganhador de tudo.
O meu argumento baseia-se não apenas no trabalho sofrível que ele vem fazendo no Benfica (tem até um site da torcida tentando “devolver-lo ao Brasil”), mas, sobretudo, pelo seu histórico como treinador em Portugal. Nenhum outro país europeu jamais pensou em contratá-lo.
Vamos lá, então. O currículo de Jorge Jesus como treinador em Portugal é este: Amora, Felgueiras, União da Madeira, Estrela da Amadora, Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães, Moreirense, União de Leiria, Belenenses, Braga, Benfica, Sporting, Benfica. Teve uma passagem pelo Al-Hilal, da Arábia; e o sucesso no Flamengo, em 2019.
E ele ganhou o que? Pelo Braga (Taça Intertoto 2008); pelo Benfica (Primeira Liga: 2009–10, 2013–14 e 2014–15, Taça da Liga: 2009–10, Taça de Portugal: 2013–14), Supertaça Cândido de Oliveira: 2014; pelo Sporting (Supertaça Cândido de Oliveira: 2015, Taça da Liga: 2017–18; e pelo Al-Hilal (Supercopa da Arábia Saudita: 2018.
Gostou? Vamos combinar que Jorge Fernando Pinheiro de Jesus, 67 anos – tirante a sua passagem pelo Flamengo – é um treinador regional. Se fosse bom pra caramba, os grandes da Europa estariam correndo atrás dele. Ninguém quer.
Eu acho que um dia talvez ele vai precisar voltar para o Flamengo só pra fazer um trabalho normal (sim, aquilo de 2019 foi uma excepcionalidade) e todo mundo cair na real.