“Não existe SAF se não houver paixão”, diz especialista
José Francisco Manssur, um dos criadores da SAF, explica à coluna Futebol Etc qual é o melhor caminho a seguir
atualizado
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Cruzeiro, Botafogo, Vasco e também a Portuguesa – que anunciou recentemente sua decisão de entrar – são os exemplos mais recentes de clubes que aderiram à SAF (Sociedade Anônima do Futebol), a nova sensação do futebol brasileiro. Mas será que essa nova lei será boa para todos os clubes?
Na opinião de um dos criadores da SAF, José Francisco Cimino Manssur – formado em Direito pela PUC/SP, especialista em Administração do Esporte pela FGV/SP e sócio do Ambiel Advogados – o fundamental para o sucesso é a paixão.
“O Cruzeiro tem o Ronaldo, ídolo da torcida e do futebol brasileiro. A presença dele como CEO do Cruzeiro S.A. fez, entre outras coisas, a torcida lotar estádios com o time há dois anos na série B. O americano John Textor, executivo do Botafogo, dono de time na Inglaterra e produtor de Hollywood, com suas declarações e comportamento, mexeu com a paixão do botafoguense. Agora temos o 777 Partners, holding americana com vários empreendimentos. Vamos ver como ela vai mexer com os vascaínos”, diz Manssur.
O advogado explica a métrica para valorar o clube e como a paixão dos torcedores é fundamental para o sucesso do futebol empresa.
“Quando olha para futebol, o investidor busca a estabilidade financeira e o lucro, e isso só será possível pela performance esportiva. Um time competitivo conquista vitórias que levam aos títulos. Isso traz as premiações, a torcida aumenta, cresce a venda de produtos, os direitos de transmissão são maiores, vem a negociação de jogadores. O valuation e due diligence são diferentes de quando vai se investir numa empresa. No futebol, a paixão do torcedor tem valor”, explica Manssur.
A paixão é fundamental, mas ela não é suficiente para o sucesso, diz o advogado. “Quando pensamos na SAF, queríamos garantir que o clube pudesse pagar suas dívidas sem comprometer a gestão do futebol. Por isso, 20% da receita da SAF vai para o clube pagar dívidas. O clube e a SAF têm 10 anos para isso. Caso não paguem, as dívidas passam a ser de responsabilidade da empresa”, lembra o advogado.
Ao assumir o futebol do clube e transformá-lo em empresa, o investidor passa a ter compromissos de compliance e governança. “O modelo de organização atual do nosso futebol não impõe nenhum critério de gestão e compliance, não responsabiliza o gestor. Mas sempre digo, a SAF não é uma vara de condão. Como em empresas e outras organizações da iniciativa privada, existem os controles típicos da governança que, se bem aplicados, farão com que os riscos de descontrole financeiro sejam muito reduzidos”, conclui Manssur.
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